Por Mauro Marques e Luísa Zhang
Uma hora. Este foi o tempo necessário para que os bilhetes do espetáculo de estreia de Cuca Roseta na China sumissem dos pontos de venda, num inegável voto de confiança da audiência do país asiático a um dos rostos mais mediáticos da nova geração do fado.
A fadista, que visitara já o sul da China em 2011, ano que coincidiu com a descoberta da vocação para o afamado estilo musical português, regressa agora ao país, à capital, com 4 discos lançados e uma carreira pautada pelo sucesso.
Em declarações à imprensa antes do espetáculo, Cuca Roseta não deixou transparecer qualquer nervosismo por enfrentar uma nova plateia: “Acho que todos nós, por mais diferentes que sejamos, todos temos sentimentos. O fado é conhecido por ser uma música de alma para alma, de certeza absoluta que o vão sentir tanto como nós”
Amália Rodrigues, lembra a cantora, era aclamada em palcos nos quatro cantos do mundo, suprindo barreiras linguísticas e culturais. O argumento de que a música é, portanto, uma língua universal, parece fazer todo o sentido.
“Somos muito calorosos, muito intensos, muito afetivos, e passamos isso através da música”, argumenta.
Comummente associado a uma sonoridade melancólica e fatalista, o fado é, para os chineses que o conhecem, algo contrastante com o panorama musical do país, mais alegre e otimista.
No entanto, tal cenário pareceu não intimidar a artista. “O fado é um reflexo daquilo que somos”, afiança, “o meu fado não é propriamente ligado à tristeza. Acho que sou uma pessoa positiva. A melancolia fica na forma de tocar (…) as notas são ‘muito portuguesas’, mas a mensagem é positiva”.