Rio de Janeiro, 28 mar (Xinhua) -- Um ônibus que integrava a caravana do ex-presidente Lula pelo sul do país foi atingido nesta terça-feira por três tiros no caminho entre as cidades de Quedas do Iguaçu e Laranjeiras do Sul, no estado do Paraná.
Segundo informações do Partido dos Trabalhadores (PT), o ônibus atingido transportava jornalistas brasileiros e estrangeiros e convidados que acompanham a caravana. Ninguém ficou ferido.
A caravana tem sido alvo constante de ataques. Nos últimos dias, grupos de extrema-direita se organizaram para lançar pedras e ovos contra os ônibus e, em alguns casos, contra os militantes que pretendiam participar dos comícios de Lula. Hoje, além dos tiros, pregos foram jogados na estrada para furar os pneus dos ônibus.
"A nossa caravana está sendo perseguida por grupos fascistas. Já atiraram ovos, pedras. Hoje deram até um tiro no ônibus", afirmou Lula pelo Twitter.
"Se eles acham que fazendo isso vão nos assustar, estão enganados. Vai nos motivar. Não podemos permitir que depois do nazismo esses grupos fascistas possam fazer o que quiser", acrescentou.
Segundo o ex-presidente, o Paraná foi o único estado percorrido pela caravana a não fornecer escolta policial para a comitiva de ônibus.
Um boletim de ocorrência foi aberto pelos organizadores e a Polícia Civil local já iniciou a perícia dos ônibus.
A ex-presidente Dilma Rousseff, que integra a caravana, divulgou nota na qual afirma que "o atentado ocorrido no final da tarde desta terça-feira, 27 de março, contra um ex-presidente da República do país é grave e ocorre num momento difícil para o Brasil".
"Não estamos mais nos anos 50 do século passado, ou na ditadura militar, quando a eliminação física de adversários políticos era uma constante no Brasil e na América Latina... A tentativa de intimidar o presidente Lula e a Caravana Lula pelo Brasil, com tiros e agressões, é inaceitável", destacou Rousseff.
"Estaremos denunciando em todos os cantos do Brasil e do mundo essa tentativa torpe de calar a todos os que se opõem ao arbítrio e ao Estado de Exceção no Brasil", concluiu a nota da ex-presidente.
A notícia do ataque ao ônibus repercutiu entre líderes de outros partidos de esquerda. "Os fascistas ultrapassaram qualquer limite. Toda solidariedade a Lula contra as agressões. É momento de unidade democrática e de resistência ativa. Com fascismo não se brinca", afirmou Guilherme Boulos, pré-candidato do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL) à presidência da República.
Manuela D'Ávila, pré-candidata do PCdoB ao Planalto, também se manifestou: "O fascismo quer calar quem pensa diferente, quer matar quem pensa diferente. Não é petismo, não é lulismo. Hoje é um tiro contra a caravana de Lula, o líder das pesquisas de opinião no Brasil, amanhã em quem?"