Seul, 17 mai (Xinhua) -- O ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul, Kang Kyung-wha, e o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, conversaram por telefone sobre a suspensão da cúpula intercoreana pela República Popular Democrática da Coreia (RPDC), informou o ministro das Relações Exteriores de Seul, na quarta-feira.
A pedido de Pompeo, Kang conversou por telefone para trocar opiniões sobre questões de interesse mútuo, incluindo a postergação do diálogo entre as duas Coreias pela RPDC.
A conversa telefônica, que não foi programada, ocorreu quando Pyongyang suspendeu unilateralmente a cúpula intercoreana, que as duas partes haviam concordado em realizar na quarta-feira, na vila fronteiriça de Panmunjom, para discutir formas de implementar a Declaração de Panmunjom.
A RPDC suspendeu as conversações intercoreanas antes do amanhecer, citando as manobras aéreas conjuntas da Coreia do Sul e EUA.
Os exercícios aéreos conjuntos "Max Thunder" , que duram duas semanas, começaram em 11 de maio, mobilizando cerca de 100 aeronaves, incluindo oito caças F-22, além de F-15K e F-16.
A Agência Central de Notícias da RPDC (KCNA) informou que os aviões de guerra "F-22 Raptor" e os bombardeiros estratégicos "B-52", mobilizados anualmente para os exercícios aéreos conjuntos da Coreia do Sul e EUA, destinam-se a lançar ataques preventivos contra a RPDC, bem como assumir o controle do espaço aéreo.
A versão coreana do relatório da KCNA chamou as manobras de "brincar com fogo", dizendo que é um "desafio flagrante à Declaração de Panmunjom e uma provocação militar intencional que vai contra o desenvolvimento político positivo na península coreana".
Os caças F-22 já participavam dos treinos aéreos, organizados pelo Comando de Operações da Força Aérea da Coreia do Sul e pela 7ª Força Aérea dos EUA, mas os B-52 se juntaram agora aos exercícios, segundo uma fonte não identificada citada pela agência de notícias Yonhap.
O Ministério da Unificação de Seul, encarregado dos assuntos intercoreanos, lamentou a suspenção das negociações, dizendo que ia contra o espírito da Declaração de Panmunjom, anunciada após a terceira cúpula entre o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e o líder da RPDC, Kim Jong Un, em 27 de abril.
Moon e Kim concordaram em concluir a desnuclearização e a transformação do atual acordo de armistício em um tratado de paz até o final deste ano. A Península Coreana permanece tecnicamente em guerra, desde que a Guerra da Coreia, de 1950 a 1953, terminou com o armistício.
Durante a conversa telefônica, o ministro das Relações Exteriores da Coreia do Sul explicou a Pompeo sobre a posição de Seul de que tinha a firme vontade de aplicar a Declaração de Panmunjom e planejava pedir que Pyongyang participasse rapidamente da mesa de diálogo sobre paz e prosperidade na península.
Pompeo disse a Kang que o lado norte-americano continuará com os preparativos para a próxima cúpula RPDC-EUA, agendada para 12 de junho em Singapura, sendo cauteloso sobre o cancelamento do diálogo intercoreano por Pyongyang.
Os dois lados concordaram em continuar uma estreita cooperação para alcançar a completa desnuclearização e estabelecer a paz na península através de uma cúpula bem sucedida entre a RPDC e os EUA, com base nos resultados da cúpula intercoreana de 27 de abril.
O Ministério de Unificação sul-coreano disse em um comunicado na quarta-feira que as conversações entre coreanos devem continuar sendo realizadas para discutir questões levantadas pela Coreia do Norte.
Para desenvolver relações intercoreanas sustentáveis e construir uma paz permanente através da implementação da Declaração de Panmunjom, o governo sul-coreano tomará as medidas necessárias através de consultas estreitas entre os ministérios relevantes, disse o comunicado.
O Ministério da Defesa de Seul disse em um comunicado separado que os exercícios aéreos conjuntos entre a Coreia do Sul e os EUA estão sendo conduzidos conforme programado, já que os exercícios visam apenas melhorar a capacidade dos pilotos, e não são exercícios de planos de operação para ataques.
O ministério disse que os caças F-22 chegaram à Coreia do Sul no ano passado. Mas era incomum que um número tão alto de Raptors F-22 fosse mobilizado justamente em meio ao estreitamento dos laços entre as duas Coreias.