Cinturão e Rota: oportunidade histórica para o intercâmbio econômico sino-lusófono

Fonte: Xinhua    04.01.2019 14h13

Por Liu Guobin e Rafael Lima

Beijing, 4 jan (Xinhua) -- "A iniciativa chinesa do Cinturão e Rota é uma oportunidade histórica para a cooperação econômica e comercial entre a China e os países de língua portuguesa, especialmente para as nações em desenvolvimento", disse José Medeiros da Silva, professor da Universidade de Estudos Internacionais de Zhejiang, em Hangzhou, leste da China.

"Esse intercâmbio, se bem construído, será mutualmente benéfico e abrirá oportunidades novas para diversos países darem um novo salto de desenvolvimento", explicou o professor brasileiro radicado na China.

A Iniciativa do Cinturão e Rota foi proposta pela China em 2013 e abrange o Cinturão Econômico da Rota da Seda e a Rota da Seda Marítima do Século 21. Até o final de 2018, mais de 100 países e organizações internacionais haviam assinado documentos de cooperação com a China sob o escopo do Cinturão e Rota, o que estendeu o alcance da Iniciativa do continente euroasiático e África até às regiões mais distantes como a América Latina e o Sul do Pacífico.

Através do Cinturão e Rota, as relações econômicas e comerciais entre a China e os países de língua portuguesa têm sido intensificadas. Em 2017, o valor total das exportações e importações entre a China e os países lusófonos ultrapassou os US$ 117,5 bilhões. Nos primeiros nove meses de 2018, o volume comercial entre as duas partes chegou a US$ 108,93 bilhões, um aumento anual de 21,22%. Mas segundo dados da Administração Geral das Alfândegas da China, em 2002 esse valor era de apenas US$ 6 bilhões.

Entre janeiro e setembro do ano passado, as importações chinesas desde os países de língua portuguesa foi de US$ 77,39 bilhões, um crescimento anual de 21,78%, enquanto as exportações chinesas para o mundo lusófono ficou em US$ 31,54 bilhões, alta de 19,88% em termos anuais.

Segundo um levantamento feito pela Associação Brasileira de Empresas Chinesas, no ano passado mais de 300 companhias do país asiático investiram um total de US$ 40 bilhões no Brasil. Essas empresas contrataram mais de 20 mil pessoas.

Para Evandro Menezes de Carvalho, diretor do Centro Brasil-China da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas (FGV) e professor de Direito Internacional da Universidade Federal Fluminense, a iniciativa já é uma realidade no Brasil e no seu entorno regional.

"Não se trata de promessa. Os investimentos chineses já estão na América do Sul, já estão no Brasil. A ideia é promover as relações comerciais a partir da construção de estradas, ferrovias, ampliação das malhas aéreas e da via marítima. Isso tem um sentido concreto. Essa infraestrutura e integração do comércio terão como consequência a promoção de um maior contato dos povos", explicou o professor brasileiro à Xinhua.

Por oito anos consecutivos, a China tem sido o maior parceiro comercial do Brasil. Segundo o Ministério do Comércio da China, o comércio de mercadorias entre os dois países chegou a US$ 74,8 bilhões em 2017. E o futuro desse mercado poderá ser ainda mais promissor. Entre janeiro e setembro de 2018, o valar do comércio China-Brasil foi de US$ 81,75 bilhões, um aumento anual de 22,60%. Durante o período, as importações chinesas desde o Brasil chegaram a US$ 56,29 bilhões, uma alta anual de 23%, enquanto as exportações do país asiático para o Brasil foram de US$ 25,46 bilhões, um crescimento de 21,80%.

"O caminho do desenvolvimento chinês é centrado no princípio da cooperação. É um caminho civilizacional muito particular, que precisa de olhares apropriados para ser interpretado adequadamente. A China procura fortalecer seus vínculos de amizade com os demais países com base, principalmente, em um relacionamento econômico mutuamente benéfico. A ascensão econômica da China abre, inclusive, uma nova janela de oportunidade para o fortalecimento da soberania de muitos países em desenvolvimento, especialmente países de médio porte, como é o caso do Brasil. Porém, cabe saber aproveitá-la", explicou o professor José Medeiros.


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(Web editor: 张睿, editor)

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