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China e Brasil: Avançar no conhecimento mútuo

Fonte: Diário do Povo Online    16.05.2019 15h28

Por José Medeiros da Silva

Em agosto de 2019 serão celebrados os 45 anos do estabelecimento das relações entre a República Popular da China e a República Federativa do Brasil. Esse é um bom momento para se refletir sobre os avanços obtidos, as dificuldades encontradas e os benefícios gerados pela consolidação dessa parceria. Principalmente, é um momento apropriado para se pensar os próximos passos desse relacionamento, considerando-se sempre os interesses setoriais, imediatos e de longo prazo.

Passados 45 anos, facilmente se percebe o avanço positivo dessa aproximação, principalmente nas áreas política e econômica. Numa parceria estratégica global desde 2012, há quase uma década a China tem sido o principal destino das exportações brasileiras e, nos anos mais recentes, o Brasil tem também se destacado como um grande receptor de investimentos chineses. Além do mais, a atuação conjunta no grupo BRICS tem proporcionado aos principais líderes dos dois países uma oportunidade única de se reunirem frequentemente para, diretamente trocarem percepções sobre temas de interesses específicos ou mundialmente abrangentes. Em outras palavras, esses 45 anos foram no geral positivos, principalmente porque os dois países sedimentaram um caminho de confiança com base em atuações concretas que resultaram em benefícios mútuos objetivamente verificáveis.

Obviamente que quanto mais profunda e complexa vai ficando essa relação, maiores são os desafios para o seu progresso. Nesse sentido, apesar dos importantes êxitos é preciso ter consciência das suas limitações e dificuldades, pois somente assim a mesma poderá avançar sem turbulências e os nossos povos sentirem mais de perto os seus benefícios.

Nessa perspectiva, para que os próximos passos possam ser dados de forma segura, além da atuação nas esferas da economia e da política é preciso se olhar com prioridade para a esfera da formação humana. Apesar dos avanços nesse campo, o conhecimento mútuo entre os nossos povos é ainda muito tênue, o que, obviamente, contribui para opiniões imprecisas, superficiais e, muitas vezes, preconceituosas. Isso até mesmo quando se está bem-intencionado.

Para concluir, reforçaria apenas que é nesse legado de confiança construído ao longo desses 45 anos que se encontra a base para que os próximos passos desse relacionamento possam ser dados com segurança. No entanto, para melhor dimensionar esses novos passos é preciso colocar a busca do conhecimento mútuo no centro. Somente assim, poderemos abrir nossas mentes, intensificar amistosamente o debate, buscar os benefícios convergentes e contribuirmos para um mundo humanamente mais compreensivo. Quanto maior for o desafio maior será a oportunidade de fortalecer ainda mais essa amizade. O Brasil, a China e mundo precisam.

(José Medeiros da Silva é doutor em Ciência Política pela Universidade de São Paulo e professor na Universidade de Estudos Internacionais de Zhejiang, na China.)

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