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Entrevista exclusiva com o autor de “A Armadilha Americana” (2)

Fonte: Diário do Povo Online    05.07.2019 14h42
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França “contra ataca”

No caso da aquisição da Alstom pela General Electric na França, os EUA obtiveram o poder de manter todas as usinas nucleares francesas, as quais garantem 75% da eletricidade do país. No ponto de vista de Pierucci, a França, enquanto potência de energia nuclear, enfrenta uma séria violação da sua soberania industrial.

A boa notícia é que a sociedade francesa está acordando. Após a aquisição da Alstom em 2014, a França introduziu uma lei em 2016 que permite às suas empresas aceitar investigações anti-corrupção no seu território, sem a intervenção direta do judiciário estadunidense. Na visão de Pierucci, esta é a resposta mais urgente que pode ser dada por um país afetado pela guerra comercial dos EUA, e é também uma tentativa de remendar uma relação econômica internacional já desequilibrada.

De acordo com Pierucci, um relatório de investigação de 2018 à Assembleia Nacional Francesa, revelou também que a Alstom e a General Eletric haviam cooperado na aquisição, e feito lobby junto de empresas de relações públicas, firmas legais e bancos franceses com um orçamento de mais e 500,000 euros. A ideia era passar uma imagem da debilidade da Alstom, justificando assim a aquisição por parte da General Electric. A verdade é que a Alstom estava na vanguarda da geração de energia nuclear, entre outros ramos. Em contraponto, a GE apenas ocupava o mercado de geração de energia via turbinas a vapor.

Depois da publicação do livro, o setor político, econômico e público francês passou a estar consciente da declarada “Armadilha Americana”. Pierucci afirma que o despertar da sociedade francesa se deve, em grande parte, à “sinceridade” do presidente Trump, ou seja, a sua intenção de promover guerras comerciais, o que contribuiu em grande medida a expor a verdade.

Responder aos EUA de modo organizado

Hoje em dia, Frederic Pierucci estabeleceu uma firma de consultoria para apoiar as agências governamentais e corporações multinacionais, objetivando a proteção da soberania industrial, e o enfrentamento da intervenção judicial norte-americana, em prol da proteção dos interesses das multinacionais.

Pierucci afirma que os EUA esperam manter o seu controle sobre a economia mundial e usar todos os meios para esse fim. Assim sendo, os restantes países têm a escolha de responder ou não. Lamentavelmente, Pierucci constatou também que, ao nível europeu, os países são incapazes de formular uma resposta coletiva, devido às grandes divergências dos seus interesses. O presidente Trump é exímio a usar os mecanismos de consulta bilateral, o que torna complexo atingir um consenso dentro da Europa.

Na visão de Pierucci, os países atualmente no mundo que têm um tecido industrial sólido e possam competir com os EUA - como a França, Alemanha, Reino Unido, China e Brasil - devem primeiro atualizar os seus sistemas judiciais e introduzir leis e regulamentos favoráveis aos seus interesses e das suas multinacionais a atuar no exterior. Estes países devem também reforçar o diálogo, bem como tomar medidas mais incisivas para denunciar os subornos promovidos por empresas americanas, repondo, assim, o equilíbrio no domínio das relações econômicas internacionais.


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