A missão é reveladora do “espírito inovador” da China para superar desafios.
Os cientistas chineses anunciaram no domingo que a China irá lançar a sua primeira missão a Marte em 2020 e que a construção da sua sonda havia sido completada.
A missão inclui orbita, aterrissagem e exploração da superfície marciana, um feito sem precedentes indicador do espírito inovador da China na exploração espacial e a intrepidez do país em enfrentar grandes desafios, de acordo com especialistas chineses.
A missão primária da sonda é detetar sinais de vida no “planeta vermelho”, refere Ouyang Ziyuan, cientista-chefe do projeto de exploração lunar da China, durante uma conferência sobre satélites e o espaço, realizada em Rizhao, na província oriental chinesa de Shandong entre sexta-feira e domingo.
A missão irá também examinar se o planeta tem o potencial de ser, de alguma forma, transformado no futuro, de modo a torná-lo habitável para os humanos, segundo o 21st Century Budiness Herald reportou no domingo, citando Ouyang.
A sonda chinesa irá averiguar a atmosfera de Marte, bem como as suas características geológicas e magnéticas, as quais podem oferecer indicações da origem e evolução do próprio planeta e do sistema solar, de acordo com o jornal.
O lançamento está sendo temporizado para a altura em que as órbitas de Marte e da Terra estão mais próximas uma da outra, “o que ocorre a cada 26 meses e dura cerca de um mês”, explica Pang Zhihao, um especialista em tecnologia de exploração espacial de Beijing.
Das 45 missões anteriores a Marte, apenas 19 foram bem-sucedidas.
Entre as 19 missões com sucesso, algumas destinavam-se a enviar satélites para orbitar em torno do planeta, enquanto outras eram apenas missões de reconhecimento, de acordo com arquivos da NASA.
As transmissões da Terra levam quase 10 minutos a atingir o orbitador, sendo que o envio de comandos de aterrissagem tem de ser feito antes da sonda ser lançada e muitas situações imprevisíveis podem ocorrer durante a descida, apelidada “sete minutos de terror”, disse Pang.
Sem monitoramento em tempo real, a sonda precisará de “tomar suas próprias decisões”, disse Pang.
A aterrissagem bem sucedida é apenas o início da missão da sonda em ambiente hostil.
Outro desafio advém das devastadoras tempestades de areia de Marte, sendo que a mais agreste é comparável a um tufão de nível 12 na Terra.
Tais tempestades de areia ocorrem quase anualmente no planeta vermelho e podem durar até 3 meses, refere Pang, destacando que uma sonda marciana tem um sólido sistema de resistência a fenômenos agrestes.
Devido ao pó poder potencialmente danificar o sistema de energia solar da sonda, uma solução poderia ser recorrer à energia nuclear, disse Pang.
O orbitador marciano irá carregar sete dispositivos científicos, enquanto que a sonda terá seis.
“Embora a missão marciana da China tenha iniciado tarde, temos um avanço considerável com o design ‘três em um’. E estamos preparados para enfrentar os desafios”, disse Pang.