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Opinião: Manutenção do multilateralismo é a missão mais importante na cooperação do BRICS

Fonte: Diário do Povo Online    01.08.2019 13h05

Por Zhou Zhiwei

Entre 24 e 26 de julho, Wang Yi, conselheiro de Estado e ministro das Relações Exteriores da China, realizou uma importante visita ao Brasil. Sendo a visita de mais alto nível de um dirigente da China ao Brasil desde que o novo governo local tomou posse. Durante a visita de Wang Yi, foi realizada a 3ª reunião do Diálogo Estratégico Global Brasil-China. e o encontro oficial entre ministros das Relações Exteriores do BRICS. Os dois encontros refletem o retorno à normalidade das relações bilaterais China-Brasil e da cooperação no BRICS.

Da perspetiva do terceiro Diálogo Estratégico Global Brasil-China, o ponto mais importante é que o Brasil revelou sinais de reforço da cooperação com a China. Do ponto de vista dos dois chanceleres, os dois países apresentam uma forte consistência nas relações bilaterais.

Ernesto Araújo, o ministro das Relações Exteriores brasileiro enfatizou que o seu país atribui grande importância à parceria estratégica global com a China e disse estar otimista em relação às perspetivas de cooperação com o parceiro asiático no futuro. Salientando a cooperação econômica e comercial bilateral, Araújo realçou que o Brasil acolhe a expansão do investimento chinês e está disponível para estudar a integração do “Programa de Parcerias de Investimentos” brasileiro com a congênere iniciativa chinesa “Um Cinturão, Uma Rota”.

A visita do vice-presidente brasileiro Mourão à China, confirmou uma vez mais o significado positivo da iniciativa do Cinturão e Rota, a qual deverá ajudar a China e o Brasil a aprofundar a cooperação em diversos setores.

O ministro brasileiro abordou ainda a necessidade de reforçar a comunicação e colaboração com a China ao nível da governança global e também, em sentido lato, da China com a América Latina. Isto indicia também que o governo brasileiro não considera as relações sino-brasileiras como uma mera relação de negócios, aludindo à importância da perspetiva tridimensional, multilateral e transregional do binômio. Esta postura contribuiu também para aplanar as reticências chinesas no que refere ao ajustamento diplomático brasileiro.

Em resposta, Wang Yi destacou que a China sempre atribuiu uma posição de destaque às relações diplomáticas com o Brasil, conferindo importância ao papel do país na América Latina, e disse que a China deseja trabalhar juntamente com o Brasil para que seja garantida a cooperação China-América Latina e China-Brasil em simultâneo, criando um modelo de solidariedade e cooperação e uma força estabilizadora para o desenvolvimento pacífico do mundo. Objetivamente falando, o posicionamento que o ministro Wang Yi atribui às relações China-Brasil tem vindo a ser amplamente reforçado face ao passado, o que reflete os esforços da China em aproximar os dois países.

Durante o encontro de ministros das Relações Exteriores do BRICS, a atitude do ministro Ernesto Araújo reflete a posição de ajuste das autoridades brasileiras aos assuntos globais. No que tange às tendências atualmente em vigor no mundo, a sessão de diálogo reiterou que o mundo enfrenta atualmente uma grande mudança sem precedentes nos últimos 100 anos. Neste contexto os mercados emergentes representados pelos países do BRICS e pela emergência dos países em desenvolvimento influenciam de modo eficiente o processo multilateral no mundo. Este processo é indicativo de dois fatores: primeiro, a ascensão das economias emergentes representadas pelos países do BRICS é um motor importante nas mudanças a ocorrer neste século, e, em segundo, a mudança global permite a ascensão das economias emergentes e a reforma do sistema internacional. É uma oportunidade rara.

Identificando os atuais desafios globais, os ministros do BRICS são unânimes em afirmar que “o unilateralismo põe em causa as regras internacionais e o desenvolvimento internacional, exacerbando a instabilidade e incertezas”. De modo a manter um ambiente internacional ordeiro e aprazível, a “voz do BRICS”, o “projeto do BRICS” e a “função do BRICS” têm um papel fundamental em manter a ordem.

O encontro de ministros de Relações Exteriores evidenciou o papel dos BRICS na vanguarda da manutenção do multilateralismo e salvaguarda do sistema internacional, tendo por farol a OMC, os interesses comuns e a margem de desenvolvimento dos mercados emergentes e países em desenvolvimento. Estas são as missões mais importantes dos BRICS. Considerando que o ambiente nacional, regional e global estão em diferentes períodos de ajuste, é necessário reafirmar o propósito e os objetivos da cooperação do bloco BRICS.

A cooperação ao nível da inovação científica e tecnológica foi também outro tema que mereceu destaque pelos chanceleres no âmbito do BRICS, sendo que é consentânea com a tendência da economia global, e também um modo de fintar o impacto negativo de ajustes nacionais, regionais e globais aos níveis político e ecológico.

Tal como referido durante o encontro, a cooperação do BRICS não é apenas uma medida expedida para os 5 países, mas uma escolha estratégica para o desenvolvimento comum de longo prazo. Com efeito, o ajuste atempado do ritmo e foco da cooperação do BRICS é também um modo de assegurar a sua sustentabilidade. É importante fazer uma escolha pela tecnologia inovadora e economia digital este ano, pois essa é a escolha certa a tomar.

(O autor é o diretor executivo do Centro de Estudos do Brasil da Academia Chinesa de Ciências Sociais)

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