Ex-secretário do tesouro qualifica atitude norte-americana face ao RMB como “contraproducente”.
Administração Estatal para o Câmbio Estrangeiro, o principal regulador de moedas estrangeiras, disse na quarta-feira que o fato dos EUA rotularem a China de manipulador cambial “é completamente oposto à realidade, sendo que se trata de uma declaração infundada”.
O ex-secretário do Tesouro americano Lawrence Summers criticou na terça-feira a decisão da administração de Trump de rotular a China um “manipulador cambial” e disse que o atual secretário, Steven Mnuchin, “danificou a sua credibilidade e a da instituição que orienta” ao fazê-lo.
A China irá manter a estabilidade e continuação das suas políticas de intercâmbio com o exterior, bem como promover a abertura do mercado financeiro, segundo declarou a administração em um comunicado no seu website.
A ação estadunidense não é consistente com os critérios quantitativos decretados pelo Departamento do Tesouro norte-americano para com um alegado manipulador cambial, disse Wang Chunying, porta-voz da SAFE.
O Ato Omnibus de Comércio e Competitividade de 1988, citado pelo Departamento do Tesouro, não tem critérios específicos, e “é muito mais arbitrário e caprichoso”, de acordo com Wang.
Em um artigo de opinião publicado no Washington Post, Summers disse: “ao declarar como manipulação cambial chinesa uma medida cambial que surge como resposta óbvia à política do seu superior, o secretário danou a sua credibilidade e da sua jurisdição”.
“Será agora mais difícil no próximo momento financeiro complicado os pronunciamentos do Departamento do Tesouro serem creditados pelos participantes de mercado. Ao ver os EUA qualificarem a China como manipuladora, o mundo ainda se questiona se os EUA farão com que a China altere as suas políticas cambiais”, escreveu Summers.
“Se as políticas chinesas não mudam, apenas demonstraremos a nossa impotência face à China e ao mundo. Porque haveria isso de ser desejável?”.
Ele terminou o artigo dizendo: “Existe um problema final com as reivindicações de manipulação do Departamento do Tesouro. Temos apenas uma capacidade limitada de moldar o comportamento chinês. Não nos devíamos focar em áreas onde a nossa posição é claramente correta e as possibilidades são elevadas, ao invés de áreas onde as nossas reivindicações são duvidosas e possívelmente danosas para a nossa economia?”.
Summers serviu como secretário do Tesouro na administração do presidente Bill Clinton e como conselheiro econômico para o anterior presidente Barack Obama.
Daniel Ikenson, diretor do Cato Institute's Center for Trade Policy Studies em Washington, disse nas redes sociais: “Os chineses não desvalorizaram a sua moeda. O iuan tem vindo a depreciar devido às tarifas e não é mais justificável para a China continuar a potenciar a sua moeda. Não existe manipulação”.
Na semana passada, Trump disse que iria impor uma tarifa de 10% em $300 bilhões adicional de produtos chineses a partir de 1 de setembro.
Em resposta, o iuan caiu para um mínimo de 7 para 1 face ao dólar na segunda-feira. Permitir a queda do iuan reduz o preço repativo das importações chinesas e torna os produtos americanos comparativamente mais caros.