Por Yang Wanming
O Brasil é o maior país em desenvolvimento no hemisfério ocidental. País territorialmente vasto e abundante em recursos naturais, é lar de um povo simpático e acolhedor e de uma distinta pluralidade cultural. Aqui se encontram jogadores de futebol de técnica apurada, a pujança infindável do samba, um café com aroma fino e aveludado. A estes se coadunam mares diáfanos, praias resplandecentes e florestas tropicais misteriosas capazes de enfeitiçar qualquer um.
O dia 15 de agosto de 2019 marcará o 45º aniversário do estabelecimento das relações diplomáticas entre a China e o Brasil. No decorrer desses 45 anos, foi aprofundada a confiança política mútua, alcançados resultados frutíferos - derivados de colaborações pragmáticas, intensificado o intercâmbio humano e cultural e mantidos os contatos em questões regionais e internacionais.
Estes fatores foram determinantes para a ampliação da influência estratégica e integral das relações sino-brasileiras e para a sua afirmação enquanto modelo de cooperação sul-sul.
45 Anos de relacionamento amistoso atestam a amizade sino-brasileira - caracterizada pela igualdade e confiança mútua. O Brasil foi, não só o primeiro país em desenvolvimento a estabelecer uma parceria estratégica com a China, mas também o primeiro da América Latina a com ela firmar uma parceria estratégica global. Nos últimos anos, são cada vez mais frequentes os intercâmbios entre os dois países aos níveis governamental, parlamentar, partidário e local. Os mecanismos de cooperação bilateral, no mesmo sentido, também se têm vindo a aperfeiçoar e aprimorar.
O 11º encontro de líderes dos países do BRICS realizar-se-á no Brasil em novembro deste ano. Conscientes da importância do evento, a China e o Brasil terão, durante os próximos dias, uma série de encontros bilaterais importantes, nos quais a confiança mútua sairá reforçada, e novas garantias políticas para a expansão da cooperação sino-brasileira em todas as frentes serão alinhavadas.
45 Anos de cooperação de benefícios recíprocos fazem da China e do Brasil parceiros de desenvolvimento comum. A China é, pelo 10º ano consecutivo, o maior parceiro comercial do Brasil e o maior destino de exportações brasileiras, tornando-se uma das maiores fontes de investimento estrangeiro no Brasil.
Atualmente, o volume médio de importações e exportações dos dois países ultrapassa, a cada 10 minutos, o volume total de comércio anual aquando do estabelecimento das relações diplomáticas. Nos últimos 15 anos, a China investiu, no total, mais de 70 bilhões de dólares no Brasil - 350 vezes o montante combinado do investimento bilateral dos 30 anos decorridos. A cooperação em vários domínios, a saber, tecnologia espacial, informação e comunicações, novas energias, ciência e tecnologia agrícola, injeta um novo ímpeto no desenvolvimento dos dois países.
45 Anos de entendimento e aprendizagem mútua entre povos, promovidos pelo intercâmbio pessoal não-governamental
O Brasil conta atualmente com 15 Institutos Confúcio e Salas de Aula Confúcio, o maior número em todos os países latino-americanos. Em maio deste ano, o Grupo de Balé Nacional da China realizou espetáculos itinerantes no Brasil, amplamente aclamados pelo público. Por seu turno, a cultura brasileira do futebol e do samba têm vindo a cativar inúmeros fãs na China, sendo que cada vez mais jovens chineses têm optado por estudar a língua portuguesa.
45 Anos de cooperação dinâmica capacitam a salvaguarda conjunta da paz e do desenvolvimento mundial. Desde longa data, os dois países têm cooperado em questões regionais e internacionais, estabelecendo e promovendo conjuntamente uma ordem internacional justa e sensata, defendendo conjuntamente o sistema multilateral de comércio e as regras da OMC. O Brasil assume este ano a presidência rotativa do BRICS. A China está disponível para fortalecer a comunicação e coordenação com o Brasil em questões determinantes, tais como a cooperação entre países do BRICS, governança global, e resposta a desenvolvimentos regionais e internacionais, abrindo as portas a uma segunda “Década Dourada” de cooperação entre os membros do BRICS.
O sociólogo brasileiro Gilberto Freyre referiu-se em tempos ao Brasil como a “China tropical”, o que é, simultaneamente, representativo da amizade duradoura entre os dois países e da forte irmandade dos dois povos. Tanto a China quanto o Brasil reverenciam o espírito nacional da persistência e tenacidade, harmonia e convivência pacífica. Ambos China e Brasil compartilham o ideal de alcançar o desenvolvimento e revigoramento nacional através do esforço árduo e empenho firme. Nos dias que correm, a China e o Brasil situam-se numa fase chave de promoção de reformas e busca do desenvolvimento, sendo que as relações bilaterais deverão ser pautadas nesse sentido. Acredito convictamente que ambos os lados, zarpando de um novo ponto de partida, se empenharão na construção conjunta de uma comunidade de destino comum para a humanidade e na abertura de um novo capítulo, ainda mais auspicioso, da parceria estratégica global sino-brasileira.
(O autor é o embaixador da China no Brasil)