Economistas e funcionários governamentais do Japão concordaram que as fricções comerciais iniciadas pelos Estados Unidos com a China e a ação norte-americana de rotular o país asiático como "manipulador de moeda" são prejudiciais à sua credibilidade e à economia mundial.
Em uma entrevista coletiva realizada neste mês, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, disse que os fatores externos, como a disputa comercial EUA-China, trouxe riscos negativos para a economia do Japão e que, se tais riscos continuarem a surgir, seu país não hesitará em empregar diversas medidas flexíveis para lidar com eles adequadamente.
Um funcionário do Ministério das Finanças japonês concordou com as palavras do primeiro-ministro, observando que se o confronto entre os EUA e a China se intensificar, terá um impacto negativo na economia mundial.
Falando em condição de anonimato em resposta à designação estadunidense da China como "manipulador de moeda", o funcionário disse que o ato foi mais sério do que as pessoas esperavam, informou o Kyodo News.
Kiyoyuki Seguchi, diretor de pesquisa do Instituto Canon para Estudos Globais, assinalou que é um consenso dentro da comunidade financeira internacional que o governo chinês não pode desvalorizar sua moeda, o renminbi, por intervenção.
A decisão de rotular a China como "manipulador de moeda" foi provavelmente tomada por um grupo minoritário na Casa Branca. Se os Estados Unidos continuarem a adotar sanções relevantes com base nesta alegação, sua legitimidade será amplamente questionada pela comunidade internacional, de acordo com ele.
Rotular outros países como "manipuladores de moeda" é uma ferramenta de negociação para os EUA, indicou Hidetoshi Tashiro, economista-chefe da Sigma Capital Ltd.
O que aconteceu com a China hoje pode acontecer com o Japão e outras economias regionais no futuro, acrescentou.
Mihoko Hosokawa, pesquisadora-chefe do banco japonês Mizuho Bank Ltd. (China), atribuiu a queda na taxa de câmbio do dólar norte-americano em relação ao yuan chinês ao anúncio do presidente dos EUA, Donald Trump, de uma "quarta rodada" de aumentos de tarifas sobre importações chinesas a partir de setembro.
Segundo ela, enquanto há uma saída de capital em meio a fortes preocupações com fricções comerciais, também existe um influxo de capital, pois o governo chinês continua os esforços para abrir áreas como os mercados financeiros. As chances são pequenas de ocorrer uma maior desvalorização do renminbi antes que a nova tarifa adicional da administração norte-americana esteja em vigor.
Katsuyuki Hasegawa, economista-chefe da divisão de pesquisa do Instituto de Pesquisa de Mizuho, acha que a designação da China como "manipulador de moeda" é difícil de entender e levanta dúvida sobre a continuidade e a previsibilidade das políticas dos Estados Unidos.