A política comercial de Washington não tem direção e corre o risco de provocar exatamente a recessão que mais preocupa a administração dos EUA, aponta um renomado economista norte-americano.
"Loucura econômica pura", avalia Vincent Smith, acadêmico visitante no conservador e respeitado think tank American Enterprise Institute, ante a guerra comercial prolongada entre as duas maiores economias do mundo.
"É uma política comercial sem direção e uma guerra comercial sem vencedores", disse à Xinhua o economista conservador domesticamente renomado.
O último episódio da confusão nas fricções comerciais que os EUA provocaram contra a China surgiu durante a atual cúpula do Grupo dos Sete (G7) na França.
Quando foi perguntado se ele havia se arrependido de escalar a guerra comercial com a China, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que "reconsidera tudo", provocando as especulações de que poderia começar a mitigar as tensões.
Apenas horas depois, a Casa Branca divulgou um comunicado dizendo que as observações de "reconsideração" do presidente significam que ele se arrepende de não ter aumentado ainda mais as tarifas.
Também durante a cúpula, Trump disse que outros líderes do G7 "respeitam a guerra comercial". Porém, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, amplamente considerado o aliado mais íntimo de Trump no clube exclusivo de países desenvolvidos, disse em público que "não gostamos de tarifas no geral" e que seu país é "a favor da paz comercial no geral".
Entre outros líderes, o presidente francês, Emmanuel Macron, enfatizou que as tensões são ruins para todos, e o presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, pediu um fim das guerras comerciais.
Perante este cenário, Smith instou que o governo dos EUA abandone as aventuras de tarifa unilaterais e ações caóticas arbitrárias e transforme a processos convencionais para resolver as disputas comerciais com seus parceiros comerciais.
Caso o país faça isso, acrescentou ele, acalmará os mercados ao fornecer mais certeza sobre o desempenho futuro de mercado, beneficiando tanto os EUA quanto a economia global.
"A agricultura é um setor da economia dos EUA que se beneficiará substancialmente de uma mudança para estratégias de negociação comercial mais normais", disse ele.
"Mas outros setores e quase todos os consumidores dos EUA também ganharão com um movimento rumo à estratégia comercial mais racional", adicionou o economista.
Se tal alteração não ocorrer, "a administração corre o risco de criar a exata recessão que o presidente Trump mais teme em seu ano de campanha para a reeleição em 2020", disse Smith.