Especialistas dizem que o restauro da ordem é fundamental para conter o abalo econômico e a influência global.
Agências financeiras, economistas de todo o mundo e oficiais de Hong Kong emitiram novos avisos relativamente ao potencial da cidade entrar em recessão e aos efeitos que isso poderia ter na economia global. Todos são unânimes em considerar que se a instabilidade, que dura já há meses, continuar, a confiança dos mercados será posta em causa, bem como a atividade comercial.
Um fim à violência e a reposição da ordem social é uma prioridade, perante sinais funestos de uma quebra econômica global, segundo eles.
Na última escalada de violência, os manifestantes recorreram a armas, incluindo bombas de gasolina, para atacar a polícia ao longo do fim de semana, destruíram lojas e sabotaram setores de inovação, ciência e tecnologia, segundo a chefe do Executivo da RAEHK, Carrie Lam, em conferência de imprensa na terça-feira.
As exportações da RAEHK em julho protagonizaram uma queda anual de 5,7%, enquanto que as importações durante o mesmo período afundaram 8,7%, segundo o Departamento de Estatísticas e Censos do governo local anunciou na segunda-feira.
A agência de cotação financeira Moody’s reviu as suas previsões de crescimento para 16 economias asiáticas na sexta-feira, e concluiu que Hong Kong demonstrou “expansões particularmente débeis este ano, com grandes deteriorações no seu crescimento real do PIB em comparação à primeira metade de 2018”.
A Moody’s refere que o enfraquecimento da economia global se refletiu na quebra das exportações asiáticas, e que um ambiente operacional incerto conteve o investimento. Tal realidade é particularmente relevante para economias dependentes do comércio, como Hong Kong, informa.
O presidente da Reserva Federal dos EUA, Jerome Powell, avisou que “detetamos mais indícios de uma quebra global”.
Powell referiu “o aumento de tensões em Hong Kong” aludindo à “queda acentuada das taxas dos títulos de todo o mundo para níveis mínimos do período pós-crise”, noticiou a Associated Press na sexta-feira.
Paul Chan Mo-po, secretário financeiro do governo da RAEHK, advertiu para a taxa de desemprego agregado dos setores do varejo, hotelaria e serviços alimentares, que cresceu de 3,4% no início do ano para 4,3%, com 27,500 desempregados.
“Em retrospetiva, a situação do desemprego deteriora muito mais rápido do que as pessoas esperariam”, asseverou.
Wang Wen, reitor executivo do Instituto e Estudos Financeiros Chongyang, um think tank da Universidade Renmin da China em Beijing, disse: “Os motins de Hong Kong estão a arrastar a região ao limite. Se a cidade perder o seu estatuto de centro financeiro global, tal cenário desferirá um golpe fatal em uma situação já titubeante”.
Jia Jinling, reitor assistente do mesmo instituto, afirma que os motins em Hong Kong representam um perigo crescente para a prosperidade da cidade e estão “causando danos irreparáveis à habilidade de Hong Kong construir e garantir a sua credibilidade”.
O papel de Hong Kong enquanto ponte de canalização de investimento direto para a parte continental da China “enfrenta riscos”, avisou Jia.