"Para escolher uma palavra para exemplificar a política externa da China sob o presidente Xi, vou escolher 'engajada' ou 'pró-ativa'", disse Robert Kuhn, um especialista dos EUA sobre a China.
A diplomacia engajada da China tem sido a marca da governança de Xi, disse Kuhn, que vem prestando grande atenção a cada viagem do presidente chinês ao exterior.
Agora há um "ponto de inflexão" na diplomacia da China, catalisado pela defesa de multilateralismo por Xi, pois o país passa de reativo a pró-ativo nas suas relações internacionais, segundo o especialista, também presidente da Fundação Kuhn.
Nos olhos do ex-primeiro-ministro francês Jean-Pierre Raffarin, que se encontrou com Xi uma dúzia de vezes, o líder chinês está cheio de entusiasmo.
Raffarin se referiu particularmente a uma reunião sobre a governança global de que Xi participou durante sua visita à França em março junto com o presidente francês, Emmanuel Macron, a chanceler alemã, Angela Merkel, e o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
Durante a reunião, Xi prometeu defender o multilateralismo e apontou que a China e a Europa são as duas principais forças no mundo e importantes participantes e construtores do processo da globalização econômica.
Esse encontro, disse Raffarin, foi o primeiro passo rumo à construção de "um novo tipo de multilateralismo no Século XXI".
As transformações estão ocorrendo na governança global, e o atual sistema multilateral de mais de sete décadas necessita de novo ímpeto, disse ele.
Em termos de força, a Ásia e a África estão agora muito diferentes do que eram após a Segunda Guerra Mundial, e elas devem ser adequadamente representadas no sistema multilateral, acrescentou o político francês.
"CANIVETE SUÍÇO"
Ao explanar no Escritório da ONU em Genebra, em 2017, sua visão de construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade, Xi lembrou a primeira vez que ele teve um canivete suíço.
Ele ficou maravilhado por o canivete ter tantas funções e pensou "como seria maravilhoso se um canivete suíço excelente pudesse ser feito para os assuntos do nosso mundo. Quando houvesse um problema, poderíamos usar o canivete para consertá-lo".
Na opinião de muitas pessoas, esse kit multifuncional para cooperação mundial já está se abrindo.
Diante de uma viagem a Beijing em abril, Guterres disse à imprensa que, através da Iniciativa do Cinturão e Rota, a China tem criado oportunidades de desenvolvimento.
Há mais investimentos, comércio e crescimento, o que não somente contribui com o alívio de pobreza, emprego e melhoria de infraestrutura nos países em desenvolvimento, mas também promove a construção ambiental e a estabilidade e desenvolvimento social, segundo o chefe da ONU.
O segredo do sucesso da Iniciativa do Cinturão e Rota é parcialmente atribuível ao fato de ser baseada na compreensão da China sobre o multilateralismo.
A essência do multilateralismo, disse Xi na cúpula do BRICS em Brasília, é que os assuntos internacionais devem ser tratados pela consulta extensiva em vez de ser decididos por um ou alguns países.
Defendendo o princípio de consulta extensiva, contribuição conjunta e benefícios compartilhados, Xi propôs a Iniciativa do Cinturão e Rota em 2013, o mesmo ano em que assumiu o cargo de presidente chinês. A iniciativa se tornou a plataforma mais popular para a cooperação internacional no mundo.
"O domínio por uma única parte não é permitido na Iniciativa do Cinturão e Rota", disse Xi em uma viagem ao Porto de Piraeus, um projeto de referência da cooperação do Cinturão e Rota entre a China e a Grécia, durante sua mais recente viagem ao país europeu.
"Ao contrário, todos os participantes podem compartilhar as responsabilidades e benefícios na cooperação da Iniciativa do Cinturão e Rota", disse ele.
A Iniciativa fornece grandes princípios para apoiar suas grandes visões como construir uma comunidade com um futuro compartilhado para a humanidade, disse Kuhn, acrescentando que a iniciativa expande as ligações entre Ásia, África e Europa, reduzindo assim os desequilíbrios no desenvolvimento nacional e promovendo o crescimento econômico.
"Existem diferentes tipos de flores com diferentes cores em nossos jardins, e podemos montar um buquê ao juntá-las", disse a presidente do Nepal, Bidhya Devi Bhandari, em uma entrevista à Xinhua no início deste ano. "A Iniciativa do Cinturão e Rota pode fazer um buquê lindo."
Raffarin, um visitante frequente à China desde sua primeira viagem, em 1970, afirmou que a visão diplomática da China é profundamente enraizada na e inspirada por sua cultura tradicional, segundo a qual a cooperação é melhor que confrontação.
O Cinturão e Rota é uma grande iniciativa para promover a cooperação global, disse ele à Xinhua em uma entrevista em setembro.
"Neste mundo de interdependência, devemos expandir nosso pensamento acima de todas as formas de nacionalismo para assumir nosso destino comum. Por tudo isso, a China continuará útil para o mundo", disse ele.