Trabalhadores freelance podem beneficiar, acompanhando a tendência da perda de prioridade dos empregos estáveis.
Durante décadas, os chineses deram prioridade a empregos na função pública e de estabilidade, estando a eles associado o apoio da segurança social, mesmo que a remuneração não fosse muito elevada.
No entanto uma nova sondagem sugere que um emprego estável deixou de ser priorizado pelos mais jovens - esta viragem pode fomentar o desenvolvimento de um sistema de segurança social mais orientado para quem trabalha em regime freelance. A crescente mobilidade na busca de carreiras é o fator principal para o fenômeno.
O Livro Azul da Sociedade Chinesa, lançado na segunda-feira pela Academia Chinesa de Ciências Sociais, descreveu a tendência como um abandono da norma, dado que a segurança e os benefícios laborais são cada vez mais dependentes da entidade empregadora.
Aqueles que trabalham em pequenas empresas, ou os que fazem serviços ocasionais através da internet, são geralmente abrangidos por menos, ou mesmo nenhuns, programas de segurança social.
Mas o crescimento súbito das empresas online tornou o sistema de segurança social incapaz de assegurar os direitos dos trabalhadores, de acordo com Zhang Haidong, um professor de sociologia da Universidade de Shanghai, responsável por estudos de mobilidade social.
"Isto revolucionou os valores tradicionais na escolha de emprego", disse.
O professor acrescenta que o modelo tradicional de segurança terá de fazer ajustes, pois deixa um grande número de pessoas sem quaisquer garantias. O processo poderá ser moroso.
O novo relatório sinaliza que a crescente desvalorização da estabilidade laboral está relacionada com o aumento de dificuldades enfrentadas pelos trabalhadores migrantes na sua luta por conseguir empregos seguros nas cidades e obter promoções.
Eles podem também enfrentar problemas em matricular as suas crianças em escolas urbanas devido ao hukou - o sistema de registro domiciliário que exclui forasteiros de granjear serviços públicos locais.
Os números indicados pelo relatório revelam que 81,4% dos trabalhadores no setor de logística provêm de regiões ruais, e quase um terço escolhe o emprego devido à restante oferta ser mais difícil de conseguir acesso.
Para os que entregam refeições, 77% origina de regiões rurais e 52% tem dificuldade em ser contratado em outros empregos.
No início deste ano, o Ministério de Recursos Humanos e Segurança Social disse que havia planos para revisar os regulamentos de seguros para acidentes de trabalho, face às dezenas de milhares de pessoas no setor, mas não foram dados mais detalhes.