O governo do Brasil eliminou até o fim do ano o imposto de importação de arroz, como uma das medidas para diminuir a alta dos preços internos do produto que é um dos principais alimentos da cesta básica dos brasileiros, informou o Ministério da Economia nesta quarta-feira.
A decisão, tomada pela Câmara de Comércio Exterior (Camex), valerá até 31 de dezembro e está restrita a uma cota de 400 mil toneladas de arroz importado, segundo um comunicado.
Atualmente, a alíquota de importação do produto adquirido de países fora do Mercosul é de 10% para arroz em casca e de 12% para o arroz beneficiado. Para países que integram o Mercosul (Argentina, Uruguai, Paraguai), a tarifa já é zero, informou o Ministério da Economia.
Segundo o Ministério da Agricultura, de janeiro a agosto, o Brasil importou 417,4 mil toneladas de arroz e exportou 1,153 milhão de toneladas.
Por sua vez, a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) do Ministério da Justiça enviou aos supermercados, atacadistas e produtores uma notificação para que expliquem, em um prazo de cinco dias, a alta nos preços dos alimentos da cesta básica, entre eles, o arroz.
O portal de notícias UOL informou que no interior do estado de São Paulo, maior mercado consumidor do Brasil, os supermercados estavam limitando as compras de arroz por temor de um desabastecimento.
O preço do arroz aumentou até 107% nas últimas semanas, de acordo com um levantamento da Universidade de São Paulo, citada pela estatal Agência Brasil.
O índice de preços ao consumidor amplo (IPCA), o índice oficial de inflação, subiu 2,44% no acumulado dos últimos 12 meses, enquanto a inflação de alimentos disparou no período 8,83%, sendo que o arroz registrou uma alta de 19,2% e o óleo de soja, 18,2%.
Segundo os analistas, a alta nos preços de arroz, óleo de soja e outros produtos resulta de uma combinação de fatores como aumento de exportação após a desvalorização do real, que reduziu o estoque para o mercado interno.
Analistas também apontam que a pandemia da COVID-19 obrigou as pessoas a consumirem alimentos em suas casas, ampliando a demanda interna pelo arroz que, junto com o feijão, é a base da alimentação de grande parte das famílias brasileiras.
No sábado passado, o presidente Jair Bolsonaro tinha pedido "patriotismo" aos donos dos supermercados para reduzir a margem de lucro nos produtos de primeira necessidade da cesta básica.