Cientistas chineses convertem dióxido de carbono em amido

Fonte: Diário do Povo Online    24.09.2021 09h42

Um grupo de cientistas criaram amido, um tipo de carboidrato complexo encontrado em plantas, usando dióxido de carbono, hidrogênio e eletricidade, de acordo com um estudo publicado na revista Science na sexta-feira.

Os especialistas dizem que se tal técnica puder ser ampliada até o nível da industrialização, ela poderá revolucionar a forma como este nutriente e ingrediente industrial chave é produzido, uma vez que não requer o cultivo e processamento de grandes quantidades de safras amiláceas, como a batata-doce e o milho, possibilitando a poupança de água, fertilizantes e terras aráveis.

Ele pode também ser usado para reciclar dióxido de carbono, tornando-o em um produto consumível. Isso ajudará a reduzir as emissões de gases de efeito estufa e a combater as mudanças climáticas, especialmente se a eletricidade usada provier de fontes renováveis como a solar e eólica.

No futuro, na exploração espacial, esta poderá fornecer uma fonte de alimento sustentável para os astronautas que viajam longas distâncias para a colonização de outros planetas onde o cultivo de alimentos é inviável. Os futuros viajantes espaciais podem simplesmente transformar o dióxido de carbono que expiram em alimentos comestíveis.

Ma Yanhe, diretor do Instituto de Biotecnologia Industrial de Tianjin, da Academia Chinesa de Ciências, disse que o amido e outros carboidratos complexos compõem de 60 a 80% da dieta humana.

"Nosso avanço demonstra que a síntese de compostos complexos, como o amido, é possível em laboratório, e há muitas indústrias que podem beneficiar dessa tecnologia", disse.

Os amidos são amplamente utilizados na produção de açúcar, processamento de alimentos e bebidas, impressão, fabricação de medicamentos, têxteis, e dezenas de outras indústrias, de acordo com o Bric International Group, uma empresa global de dados agrícolas. Isso levou à fabricação de amido de milho e seus derivados em uma indústria de 80 bilhões de yuans (US $ 12,4 bilhões) na China.

As plantas criam carboidratos como o amido por meio da fotossíntese, um processo extremamente complexo e ineficiente, disse Ma, acrescentando que uma planta levaria cerca de 60 etapas de reações metabólicas para transformar o dióxido de carbono, água e luz solar em amido.

Cai Tao, um dos primeiros autores do estudo, disse que, por seis anos, sua equipe tem se concentrado em um único projeto: produzir amido a partir de plantas, mas fazê-lo muito mais rapidamente.

Criar carboidratos por meios mais eficazes é muito importante para a sustentabilidade na Terra. A NASA listou a conversão de dióxido de carbono em glicose, um açúcar simples, como um de seus desafios centenários em 2018.

Cai disse que seu método envolve primeiro a conversão de dióxido de carbono e gás hidrogênio em metanol - uma molécula que contém um único átomo de carbono.

Com a ajuda da supercomputação, os cientistas chineses simplificaram o processo de fabricação do amido natural de cerca de 60 para 11 etapas. Cai disse que o amido criado em laboratório é quimicamente idêntico ao amido na natureza, cuja solução pode ficar azul com o iodo. 

(Web editor: Renato Lu, 符园园)

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