O presidente eleito do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou na quinta-feira que seu governo encontrará um país "em situação de penúria" quando assumir em 1º de janeiro próximo.
"Pretendo que a sociedade brasileira saiba qual o país que encontramos em dezembro de 2022. Recebemos o governo em situação de penúria, as coisas mais simples não foram feitas", disse Lula em evento realizado no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília, em que o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin entregou o relatório final dos trabalhos da equipe de transição de governo.
O documento, um resumo das conclusões dos 32 grupos técnicos, detalha as condições financeiras e operacionais atuais de todas as áreas da administração pública e servirá de guia para a gestão do novo governo.
Ao apresentar o relatório, Alckmin, que atuou como coordenador da transição, disse que "desgraçadamente, houve um desmonte do Estado brasileiro. Foram paralisadas mais de 14.000 obras, não é austeridade, é ineficácia na gestão".
Segundo ele, áreas como educação, saúde, acesso à informação e defesa civil foram seriamente prejudicadas. Alckmin destacou ainda a queda na vacinação, o alto índice de mortes por COVID-19, a diminuição dos recursos para a cultura e habitação, o aumento dos feminicídios, o avanço do desmatamento, especialmente na Amazônia e a perda do protagonismo do Brasil nos fóruns internacionais.
"Tivemos contratempos em muitas áreas. O governo federal retrocedeu. O Estado que Lula vai receber está muito mais difícil e triste do que antes... Por conseguinte, teremos um grande desafio pela frente", acrescentou Alckmin.
Em seu discurso, Lula admitiu que o novo governo começará "apertando o cinto", devido à péssima situação econômica encontrada, "muito pior do que em 2010", quando ele deixou a presidência após concluir seus dois mandatos, mas assegurou que "faremos todo o esforço possível para que o pouco dinheiro que o país está arrecadando chegue às pessoas mais necessitadas".
Nesse sentido, o presidente eleito destacou a importância da aprovação na quarta-feira da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) da Transição, que permitirá ao novo governo aumentar os gastos sociais sem deixar de cumprir o teto de gastos públicos.
"O que parecia impossível, aconteceu", disse Lula, que agradeceu aos presidentes da Câmara dos Deputados e do Senado e aos líderes parlamentares pelo esforço realizado para a aprovação da PEC e concluiu: "acredito que essa é a primeira vez que um presidente da República começa a governar antes de tomar posse".