Por Yu Sinan, Diário do Povo
Veículo não tripulado em circulação no Parque de Shougang em Beijing. (Foto: Chen Xiaogen/Diário do Povo Online)
Na Área de Desenvoplvimento Econômico e Tecnológico de Beijing, conhecido também como ETown, o repórter teve a oportunidade de experimentar viajar num veículo não tripulado. Basta abrir o aplicativo "Apollo Go" no celular, introduzir o destino da viagem, clicar algumas vezes, e logo um carro autônomo chega até nós. Entra-se no banco de trás, digita-se o código de verificação e o veículo arranca. Durante a condução, podemos ver claramente na tela do veículo a velocidade e a trajetória de circulação, assim como um mapa tridimensional com o estado da estrada. Cerca de 20 minutos depois, o carro chegou ao destino sem problemas.
As conquistas obtidas no domínio dos veículos de direção autônoma são resultado dos esforços colaborativos de múltiplos setores das ciências e tecnologias, tais como inteligência artificial, comunicações 5G, LIDAR e mapas de alta precisão. Enquanto elo fundamental entre a automatização e a interligação em rede dos transportes rodoviários, a direção autônoma tornou-se uma nova via de competição global no universo tecnológico e industrial.
Atualmente, é ainda necessário melhorar as condições para a implementação, em larga escala, de veículos totalmente autônomos nas vias públicas. No entanto, em algumas circunstâncias específicas, esta tecnologia tem mostrado seu potencial. Por exemplo, veículos não tripulados têm vindo a realizar o transporte de objetos pesados em ambientes relativamente circunscritos, como aeroportos e portos. Também em locais com condições adversas de trabalho, como explorações mineiras, veículos não tripulados e dirigidos remotamente têm espaço para trabalhar livremente.
No Xiangfudang Sci-Tech Innovation Green Valley, na cidade de Jiaxing, província de Zhejiang, microônibus não tripulados circulam entre as diversas estações do complexo, oferecendo aos passageiros novas opções de transporte público. Também no centro de produção automóvel SGMW em Liuzhou, dezenas de veículos logísticos não tripulados distribuem mercadorias entre as diferentes oficinas, ao longo de uma rota planejada. A tecnologia de direção autônoma na China entrou já numa fase de implementação geral, e o setor tem revelado imensa vitalidade.
O valor da automação e da autonomia tem-se tornado cada vez mais proeminente à medida que aumentam os custos de mão-de-obra e de gerenciamento da indústria de manufatura. “Quando integrada com as necessidades da economia real, a direção autônoma pode contribuir para reduzir custos no setor da manufatura, assim como para aumentar a eficiência e melhorar a competitividade industrial.” diz Wu Gansha, cofundador da Uisee Technology.
Os especialistas apontam para o fato de os veículos autônomos estarem profundamente integrados à indústria de Internet, da inteligência artificial e das tecnologias da comunicação, contribuindo assim para a chegada de uma nova era interconectada e inteligente. A China está aproveitando esta oportunidade para acelerar a formação de um setor de veículos interligados e inteligentes.
Beijing irá passar a considerar este setor dos veículos interconectados e inteligentes como uma indústria característica e vantajosa para o desenvolvimento-chave, e serão feitos esforços para atingir um valor de produção superior a 700 bilhões de yuans até 2025.
Também Shanghai emitiu um plano de implementação para acelerar a inovação e o desenvolvimento de veículos inteligentes, fixando preliminarmente as bases de um sistema nacional que lidere em inovação e no desenvolvimento de veículos inteligentes em 2025, e procurando atingir uma escala industrial no valor de 500 bilhões de yuans.
Já a Zona de Alta Tecnologia de Chengdu, sustentada na indústria de informações digitais, planeja desenvolver a indústria de sistemas inteligentes de veículos para construir um centro de veículos inteligentes da China.
Em termos de inovação tecnológica, a China tomou a dianteira ao propor a criação de um sistema de veículos inteligentes integrando "pessoas, veículos, estradas e computação em nuvem". Ao contrário de alguns países que se estão concentrando na automação de veículos individuais, o sistema de veículos inteligentes da China constitui uma inovação única em termos de produtos, modelos e ambiente, integrando veículos individuais autónomos com conetividade em rede.
Segundo especialistas, veículos movidos a energia elétrica possuem vantagens naturais relativamente à construção de um sistema industrial de veículos inteligentes. Na era dos automóveis elétricos, a China assumiu um papel de vanguarda no mundo em termos de tecnologia de baterias e de acionamento elétrico, e os veículos chineses movidos a novas energias se tornaram competitivos por todo o mundo. Fazer bom uso dessas vantagem ajudará a aproveitar melhor as novas oportunidades trazidas pela industria dos automóveis inteligentes.
“O grau de implementação da automatização dos veículos depende do grau de inovação em termos de políticas”, acredita Wu Qiong, chefe de segurança e política de direção autônoma da Baidu.
Há muito que a China tem vindo a experimentar com políticas de apoio à automatização. Em dezembro de 2017, Beijing apresentou legislação para o gerenciamento de testes de veículos autônomos em estradas abertas, tornando-se com isso a primeira cidade na China a permitir que veículos autônomos fossem testados na estrada.
Posteriormente, foi também introduzida uma série de medidas de apoio intensivo que inclui planos de desenvolvimento industrial a nível nacional e medidas detalhadas para gestão de apoios locais.
Especialistas do setor afirmam que, à medida que a direção autônoma se vai desenvolvendo, existem ainda alguns problemas urgentes a serem resolvidos, tais como o conceito de condutor quando a direção compartilhada entre o passageiro e o veículo e a divisão de responsabilidades por acidentes envolvendo veículos de direção autônoma.
“Na última década, a China tem criado sinergias ao nível da inovação em direção autônoma, sinergias essas que vão desde apoios políticos à proteção legal, e que cobrem tanto a inovação tecnológica como a colaboração setorial, ocupando assim uma posição favorável nesta nova tendência.” Segundo Wu Qiong, o país possui a base, as condições e a confiança para continuar a progredir e a avançar em direção ao "auge" da direção autônoma no futuro.