As autoridades brasileiras resgataram 918 pessoas que trabalhavam em condições semelhantes à escravidão no primeiro trimestre (até 20 de março) de 2023, o que representa um aumento de 124% em comparação com o mesmo período do ano passado, de acordo com dados do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) divulgados nesta terça-feira pelo portal G1.
Trata-se da segunda maior quantidade de pessoas resgatadas por trabalho semelhante à escravidão em um primeiro trimestre, superado apenas pelas 1.456 resgatadas no primeiro trimestre de 2008.
Os estados de Goiás (centro), com 365, e Rio Grande do Sul (sul), com 293, foram os que tiveram mais pessoas resgatadas por trabalho escravo.
A última operação de resgate ocorreu nesta segunda-feira, quando a Polícia Federal libertou 19 paraguaios que trabalhavam em uma fábrica clandestina de cigarros em condições análogas à escravidão, no município de Duque de Caxias, na região metropolitana do Rio de Janeiro.
Os trabalhadores chegaram ao Brasil com os olhos vendados e nem sequer sabiam em que cidade estavam.
Segundo a Polícia Federal, os paraguaios estavam alojados na própria fábrica e trabalhavam uma jornada excessiva de 12 horas diárias, sete dias por semana, em dois turnos, desde as primeiras horas da manhã, sem descanso semanal.
Além disso, os trabalhadores estavam em um lugar sem as mínimas condições de higiene, convivendo com animais, esgotos abertos e os resíduos da produção de cigarros, sem receber qualquer remuneração e com a liberdade de movimentos restrita.
Em seus depoimentos, eles contaram que foram trazidos do Paraguai com a promessa de trabalhar na confecção de roupas, mas foram levados para as instalações da fábrica onde permaneceram até serem resgatados.
Eles acrescentaram que durante esse período só tiveram contato com uma única pessoa, que trazia as provisões, sempre armada e com uma máscara no rosto.