O presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, disse na quinta-feira que se a meta de inflação que conduz a política monetária está errada, a meta deve ser alterada.
Em meio à polêmica entre o governo e o Banco Central devido à elevada taxa de juros básica Selic, que está em 13,75% ao ano desde agosto passado, o presidente voltou a afirmar que o nível atual impede o crescimento econômico e prejudica as empresas.
"É humanamente inexplicável a taxa de juros de 13%, juro real (descontada a inflação) de 8,5%. Não é possível a economia funcionar, e não é o Lula que está dizendo isso. Qualquer empresário que vocês entrevistarem daqui para frente vai dizer isso", afirmou o presidente aos jornalistas que compareceram ao café da manhã organizado pelo Palácio do Planalto.
Atualmente, a meta oficial é de uma inflação de 3,25% em 2023 e de 3% em 2024, em ambos os casos, com 1,5 ponto percentual de tolerância para cima ou para baixo.
Por sua vez, o mercado financeiro projeta uma inflação de 5,96% para este ano, o que se for confirmado, seria o terceiro ano seguido sem cumprimento da meta oficial.
Durante a entrevista, Lula lembrou que cumpriu a meta de inflação em seus dois primeiros mandatos (2003-2006 e 2007-2010).
O presidente citou uma afirmação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto de março, quando declarou que se o Banco Central quisesse atingir a meta de inflação de 2023, os juros teriam que estar em 26,5% e não nos 13,75% atuais e rebateu: " Se a meta está errada, muda-se a meta".
Apesar do Banco Central ter passado a ser autônomo a partir de uma lei sancionada em 2021 pelo então presidente Jair Bolsonaro (2019-2022), o governo tem a prerrogativa de alterar a meta de inflação, através do Conselho Monetário Nacional (CMN)
O Conselho é integrado pelos ministros da Fazenda (Fernando Haddad), do Planejamento (Simone Tebet) e pelo presidente do BC, Roberto Campos Neto.