Relação entre China e Yucatán no México remonta a três séculos

Fonte: Xinhua    26.04.2023 14h22
Relação entre China e Yucatán no México remonta a três séculos
Mulher participa da 45ª edição do evento Tianguis Turistico México, na cidade de Mérida, estado de Yucatán, sudeste do México, no dia 17 de novembro de 2021. (Xinhua/Mario Armas)

Apesar de estarem a mais de 13.500 km de distância, a China e o estado mexicano de Yucatán têm um relacionamento longo que permeou a história maia e moldou a identidade yucatecana, segundo um acadêmico local.

Luis Alfonso Ramirez, estudioso da Universidade Autônoma de Yucatán, traçou a história em seu livro chamado "El dragon y la ceiba. Chinos en el pais de los mayas. Siglos XIX a XX" (em tradução livre: O dragão e a sumaúma. Chineses nas terras maias. Séculos 19 a 20), que explica a relação entre a China e o México desde muito antes do que algumas percepções contemporâneas sugerem, mesmo em estados com identidades muito específicas, como Yucatán.

"A cultura popular, o conhecimento atual e a vida cotidiana pensam que a relação com a China começou no século 21, com a nova presença internacional e economia da nova China, mas a relação do país com a América Latina e o México, e com Yucatán, dura séculos", disse Ramirez à Xinhua recentemente.

As evidências históricas analisadas por Ramirez em seu livro mostram que a presença chinesa em Yucatán remonta ao século 19.

Em 1866, disse Ramirez, um navio desembarcou em Belize com cerca de 480 chineses, que vieram trabalhar nas plantações de madeira inglesas. Destes, um pequeno grupo se rebelou devido às más condições de trabalho e entrou na selva de Yucatán, dominada pelos maias.

O segundo grupo de migrantes chineses para Yucatán foi organizado para o cultivo de henequen (uma planta de agave), que foi o pilar da economia da península de Yucatán durante os últimos anos do século 19 e a primeira metade do século 20.

O número de chineses em Yucatán e seu impacto nas comunidades locais aumentou quando chineses que não trabalhavam no cultivo de henequen começaram a chegar por conta própria durante as primeiras décadas do século 20, detalhou Ramirez.

Os chineses que se estabeleceram em Yucatán gradualmente e englobaram a identidade maia em "um processo de sincretismo e miscigenação cultural e criação de uma identidade regional", segundo o especialista.

Nesse processo, elementos chineses foram integrados à identidade moderna da região. Como resultado dessa integração, que ocorreu principalmente nas primeiras décadas do século 20, o chinês foi a segunda língua mais falada em Yucatán até pelo menos a década de 1930.

Os chineses também criaram "uma pequena Chinatown atrás do Mercado Grande em Mérida", capital de Yucatecan e uma das cidades mais conhecidas do México, disse ele.

"Eles passaram de migrantes a atores políticos do Estado", ao estabelecer organizações como a Associação Chinesa de Yucatán em 1917 e a Liga de Resistência dos Trabalhadores Chineses em 1918, disse Ramirez.

Desde que a China ingressou na Organização Mundial do Comércio, Yucatán teve outro afluxo de migrantes chineses, que vieram para o México com investimentos de grande escala.

Um rastreamento da presença histórica chinesa em Yucatán mostra que os laços culturais podem superar a longa distância, de acordo com o especialista.

Mexicanos e yucatecanos "têm uma perspectiva e um contato com a China que é novo e diferente", disse Ramirez, acrescentando que "a forma de entender as identidades regionais é compreender que somos mestiços, culturalmente. Temos muitas influências, e nossa identidade é realmente uma mistura de elementos culturais, linguísticos e até gastronômicos que consideramos únicos".

(Web editor: Filomena Wang, Renato Lu)

0 comentários

  • Usuário:
  • Comentar:

Wechat

Conta oficial de Wechat da versão em português do Diário do Povo Online

Mais lidos