Por Feng Hua e Liu Shiyao, Diário do Povo
Imagens globais constituídas pela projeção ortográfica dos hemisférios oriental e ocidental de Marte, resultantes da primeira exploração chinesa a esse planeta. Imagem do site oficial da Administração Espacial Nacional
Durante a cerimônia do "Dia Espacial da China" 2023 a 24 de abril, a Administração Espacial Nacional da China (CNSA, na sigla inglesa) e a Academia Chinesa de Ciências divulgaram em conjunto as primeiras imagens globais de Marte, fruto das explorações chinesas no planeta vermelho. Estas imagens a cores foram processadas a partir de 14.757 fragmentos de dados obtidos pela sonda "Tianwen-1" e, através delas, os cientistas foram capazes de identificar um grande número de aspetos geográficos perto do local de pouso da sonda. 22 destes aspetos foram inclusive batizados pela União Astronômica Internacional em homenagem a pequenas aldeias e cidades de interesse histórico e cultural da China. Os dados de exploração científica obtidos pela "Tianwen-1" constituem o contributo da China para atualizar o conhecimento humano sobre o planeta vermelho.
Em 2022, a China bateu um novo recorde de 64 lançamentos espaciais e conseguiu realizações notáveis com seus grandes projetos aeroespaciais: o sonho de uma estação espacial chinesa se tornou realidade com a conclusão do “Tiangong”; foi descoberto um novo mineral lunar, batizado com o nome Changesite-(Y); foi concluída a secção espacial do projeto Gaofen e as aplicações de sensoriamento remoto daí derivadas têm beneficiado todo o mundo; foram lançados os satélites solares gêmeos "Xihe" e "Kuafu" e estabelecida uma rede abrangente de observação solar; o satélite de monitoramento de carbono do ecossistema terreste "Goumang" foi lançado com sucesso e está ajudando a reduzir as emissões de carbono. Cada uma destas conquistas extraordinárias registra a busca incansável da China pelo sonho do espaço.
Crianças visitando a zona de exploração espacial do Museu de Ciência e Tecnologia da China em Beijing e interagindo com um modelo do Tianwen-1 em 12 de abril de 2023. Foto de Du Jianpo/Diário do Povo
Explorar a vastidão do universo é um sonho não apenas do povo chinês, mas compartilhado por toda a humanidade. Como tal, o diretor da CNSA Zhang Kejian afirma que a Administração defende os princípios de igualdade, benefício mútuo, uso pacífico e desenvolvimento inclusivo, e que a mesma estabeleceu preliminarmente um modelo de cooperação aeroespacial internacional guiado por acordos, baseado em mecanismos e focado em contornos cooperativos. Foi criada uma conjuntura apropriada para a participação de todas as partes sob a orientação do governo. Desde o estabelecimento da CNSA há 30 anos que a China assinou um total de 136 documentos de cooperação espacial com 43 países ou regiões e 6 organizações internacionais, assinou esboços de cooperação espacial com 9 agências espaciais de diversos países e estabeleceu 17 mecanismos de cooperação espacial.
Desde o início da nova era que cientistas chineses e estrangeiros têm analisado em conjunto dados resultantes das explorações lunares e marcianas. A série de foguetes transportadores Longa Marcha realizou até agora 52 lançamentos de satélites comerciais internacionais para 22 países, regiões e organizações internacionais, enviando 70 satélites de diversos tipos para órbitas predeterminadas. O Satélite Sino-Brasileiro de Recursos Terrestres, a missão Double Star sino-europeu, os satélites sino-franceses CFOSAT e SVOM e o Satélite Sísmico Eletromagnético sino-italiano se tornaram novos destaques no campo da cooperação internacional em engenharia aeroespacial.
Olhando para o futuro, a exploração aeroespacial chinesa progredirá de modo mais estáveis e permitirá olhar mais longe. O acadêmico Wu Weiren, planejador-chefe dos programas lunares do país, revelou que a quarta fase desse programa já foi aprovada pelo estado e incluirá as missões Chang'e-6, Chang'e-7 e Chang'e-8.
"Planejamos lançar a sonda Chang'e-6 por volta de 2024 e conseguir o retorno de amostras das regiões polares da Lua. A sonda Chang'e-6 coletará mais amostras do lado escuro da Lua e estabelecerá como objetivo a recolha de 2.000 gramas dessas amostras. O lançamento da sonda Chang'e-7 está planejado para 2026 e pousará no polo sul da Lua com o principal propósito de explorar a superfície procurar vestígios de água." No futuro, será também concluída a pesquisa de tecnologias-chave da missão Chang'e-8, assim como construído o modelo básico da Estação Internacional de Pesquisa Lunar em conjunto com outros países, organizações internacionais e parceiros internacionais. "A sonda Chang'e-8 está pronta para ser lançada por volta de 2028. A primeira versão da Estação de Pesquisa Lunar Internacional no polo sul da Lua consistirá em componentes das missões robóticas Chang'e-7 e Chang'e-8 da China - orbitadores, landers, rovers, uma nave e vários dispositivos de exploração."
Este ano, a estação espacial "Tiangong" entrou oficialmente no estágio de aplicação e desenvolvimento, e os astronautas estão mantendo uma vigilância regular de acordo com o plano da missão. Segundo os relatos, em maio deste ano, a China planeja lançar a espaçonave de carga Tianzhou-6 e a espaçonave tripulada Shenzhou-16, e em outubro será lançada a espaçonave tripulada Shenzhou-17. Durante as duas missões tripuladas, serão realizados exercícios como a saída dos astronautas da cabine e descarga através da cabine de descompressão. Em terra, serão também realizadas outras atividades como experimentos de ciência e tecnologia espacial, assim como ações de divulgação científica junto do público.
Olhando para o futuro, a indústria aeroespacial da China obterá progressos constantes na exploração do vasto universo. Vêm sendo propostos e estão progredindo de modo constante os programas nacionais relativos ao foguete de lançamento pesado, ao retorno das amostras de Marte pela sonda Tianwen-3 e à primeira missão de demonstração e verificação de defesa de asteroides próximos à Terra. A missão de lançamento da sonda Tianwen-2 já tem um cronograma específico e sua implementação está prevista para 2025. No âmbito de projetos de exploração planetária, tarefas como o lançamento de sondas de asteroides, a recolha de amostras de asteroides próximos à Terra e a deteção de cometas do cinturão principal estão progredindo a um ritmo constante. Até 2035, a China construirá um sistema de posicionamento, navegação e cronometragem nacional mais integrado e inteligente e baseado no sistema Beidou, que fornecerá suporte básico para o futuro desenvolvimento inteligente e automatizado.