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Expansão do BRICS considerada antídoto para conflitos

Fonte: Diário do Povo Online    28.08.2023 09h03

Os especialistas saudaram a entrada dos países do Médio Oriente no bloco BRICS de nações em desenvolvimento, considerando-a como uma aproximação dos interesses nacionais partilhados numa região há muito limitada por conflitos.

Com a expectativa de que os interesses de longo prazo do Irã e da Arábia Saudita se entrelaçem, os BRICS poderão ajudar a garantir a estabilidade na região, criar um equilíbrio nos mercados energéticos mundiais e melhorar a segurança regional e alimentar, disseram.

Egito, Irã, Arábia Saudita e Emirados Árabes Unidos, juntamente com a Argentina e a Etiópia, foram convidados a se tornarem novos membros do BRICS, juntando-se aos membros originais Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, com sua adesão entrando em vigor a partir de 1º de janeiro do próximo ano.

“A parte mais significativa, na minha opinião, é que quatro dos seis países convidados como membros plenos são do Médio Oriente”, disse Furkan Halit Yolcu, investigador do Instituto do Médio Oriente da Universidade Sakarya, na Turquia.

A adesão ao BRICS aumenta o prestígio do Egito, do Irã, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, que enfrentam dificuldades com a atual política externa dos EUA, disse.

Mehmood Ul Hassan Khan, diretor executivo do Centro para o Sul da Ásia e Estudos Internacionais em Islamabad, disse que os formuladores de políticas na Cúpula do BRICS em Joanesburgo, na semana passada, alcançaram um dos seus maiores objetivos, ao convidar os seis países em desenvolvimento e sinalizar uma "mudança drástica na geopolítica e economia globais".

A expansão dos BRICS melhorará também a segurança regional e alimentar, afirmou.

Os ministérios das relações exteriores do Irã, da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos emitiram declarações separadamente sobre o convite para aderir ao BRICS.

O Ministério das Relações Exteriores do Irã informou que o “grande sucesso do país na adesão ao BRICS” não só fortalecerá o multilateralismo, mas “poderá abrir caminho para a prossecução dos objectivos desta administração” e expandir outras grandes estratégias para implementar a diplomacia dinâmica do Irã.

Seyed Mostafa Khoshcheshm, ex-professor da Faculdade de Relações Internacionais do Ministério das Relações Exteriores do Irã, disse que a adesão do país ao BRICS foi um “revés para os Estados Unidos” em suas tentativas de sufocar o país.

"O Irã está dando grandes saltos após ter aderido à Organização de Cooperação de Shanghai e agora ao grupo de países BRICS, mostrando que a pressão dos EUA para o isolar falhou".

Numa escala maior, disse ele, isso demonstra que “o mundo está mudando”, como foi reconhecido pelos intelectuais, políticos e responsáveis ocidentais nos últimos dois ou três anos. O poder global, disse, está “numa transição do Ocidente para o Oriente”.

"Numa dimensão diferente, isso terá também resultados muito positivos para os estados da Ásia Ocidental e para os estados do Golfo Pérsico. O Irã e a Arábia Saudita iniciaram uma aproximação com a ajuda dos chineses".

Além da reaproximação mediada pela China e do reforço dos laços bilaterais, disse Khoshcheshm, as relações entre as duas potências do Médio Oriente passarão a ser mais íntimas sob o grupo BRICS.

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