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Excesso de chuvas causa tremores e pânico no sul do Brasil já castigado por inundação há duas semanas

Fonte: Xinhua    15.05.2024 13h59

A catástrofe climática que se abateu sobre o estado brasileiro do Rio Grande do Sul, que faz fronteira com Argentina e Uruguai, entrou em sua terceira semana nesta segunda-feira sem dar trégua à população que, além da destruição causada por enchentes e deslizamentos, passou por pânico causado por temores de terra.

As cidades de Caxias do Sul, segunda maior do estado, Pinto Bandeira e Bento Gonçalves, situadas na região serrana do Rio Grande do Sul, registraram na madrugada desta segunda-feira tremores de 2,3 na escala Richter, detectados pelo Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UnB) e pelo Centro de Sismologia da Universidade de São Paulo (USP).

Segundo o geólogo da secretaria municipal do Meio Ambiente de Caxias do Sul, Caio Torques, os tremores não foram causados por terremotos, mas sim pelas avalanches e deslizamentos de terra causados pelas chuvas e as subidas dos rios nos últimos 15 dias, que estão provocando movimentos do solo em alguns morros.

"Em períodos de grandes precipitações, esses tremores estão relacionados a deslizamentos de terra e ao subsolo saturado pela passagem da água. O subsolo, naturalmente, possuiu espaços vazios que são movidos pelo excesso de água causando esses tremores", disse Torques que assegurou que os tremores "não têm poder de causar danos em construções sólidas".

Em Porto Alegre, capital do estado, as chuvas do fim de semana voltaram a causar a subida do rio Guaíba, que atingiu nesta segunda-feira 5,02 metros, nível 45 centímetros a mais do que o do sábado quando a água atingiu a menor altura desde o início das enchentes que deixaram 147 mortos no estado, segundo os dados oficiais da Defesa Civil local.

O Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade do Rio Grande do Sul projeta que o nível máximo do Guaíba pode alcançar em torno de 5,40 metros nesta terça, cerca de 20 centímetros a mais que o recorde batido na última semana, de 5,35 metros.

Para tentar conter o avanço das águas, a prefeitura de Porto Alegre construiu uma barricada improvisada com 1,80 metro de sacos de areia em frente à Usina do Gasômetro, região central da cidade que já está alagada, assim como metade da capital.

Além das 147 mortes confirmadas, a Defesa Civil do Rio Grande do Sul informou nesta segunda-feira que há 127 desparecidos e 806 feridos e o número e pessoas que precisaram deixar suas casas é de mais de 617.000, com 79.450 pessoas em abrigos e 538.241 em casa de amigos e parentes.

Ao todo 447 dos 497 municípios do estado foram afetados pela tragédia climática, sendo que 76.470 Foram resgatadas, bem como 10.814 animais.

Em Brasília, o presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, anunciou nesta segunda-feira a suspensão por três anos do pagamento da dívida que o Rio Grande do Sul tem com o governo Federal, em mais uma medida para ajudar o estado a reconstruir as cidades devastadas pela tragédia climática.

O anúncio foi feito em reunião virtual entre o presidente Lula, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, e o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.

A suspensão da dívida será analisada pelo Congresso como um projeto de lei complementar, que ainda deverá ser aprovado e sancionado.

Em sua rede social, Lula ressaltou que a cifra se soma aos 50 bilhões de reais (US$ 9,71 bilhões) já destinados a programas sociais e a liberação de créditos para o Rio Grande do Sul.

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