O governo brasileiro defendeu na última quinta-feira, diante de representantes do G20, que o desenvolvimento da bioeconomia deve incluir o uso da biodiversidade e da transferência de recursos para os que estão na primeira linha da conservação ambiental.
Em uma reunião em Manaus (capital do estado do Amazonas, norte do país) da Iniciativa de Bioeconomia do G20, o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente, João Paulo Capobianco, defendeu o uso sustentável da biodiversidade para a bioeconomia.
"Estamos tentando criar aqui um novo paradigma, que estimule a ação internacional, a cooperação em todos os níveis, para que possamos de fato mudar uma situação em que a floresta hoje tem menos valor em pé do que transformada", disse Capobianco.
As discussões tiveram como tema central o uso sustentável da biodiversidade para a bioeconomia, com debates focados na conservação da natureza e recuperação da biodiversidade, como florestas e oceanos. Os países avançaram na elaboração de princípios sobre bioeconomia, documento que o grupo entregará ao fim da presidência brasileira do G20.
A primeira reunião presencial da iniciativa, realizada em maio, em Brasília, abordou principalmente o papel da ciência, tecnologia, inovação e conhecimentos tradicionais para o tema. A última reunião presencial, que ocorrerá em setembro no Rio de Janeiro, tratará da relação entre a bioeconomia e o desenvolvimento sustentável.
"Temos a oportunidade de estimular as economias mais ricas do mundo a cooperar, priorizar e aproveitar os recursos que permitam que a bioeconomia se estabeleça, ganhe escala e gere emprego e renda e contribua para a manutenção das florestas tropicais do mundo", discursou Capobianco.
Os temas debatidos na capital amazonense incluíram a bioeconomia para comunidades tradicionais e povos indígenas, o uso sustentável de florestas através do manejo florestal comunitário em concessões e por comunidades locais, e a restauração de ecossistemas degradados como parte da bioeconomia.
A iniciativa é uma inovação da presidência brasileira do G20, que tem o desenvolvimento sustentável como prioridade, junto com a luta contra a fome, a pobreza e as desigualdades, além da reforma das instituições de governança mundial.
O World Bioeconomy Forum calcula que a bioeconomia tem atualmente um valor estimado de US$ 4 trilhões, mas pode chegar a uns US$ 30 trilhões, equivalentes a um terço da economia mundial, com um enorme potencial para o Brasil.
No Brasil, destacou Capobianco, o desenvolvimento da bioeconomia é eixo estruturante do Plano de Transformação Ecológica, coordenado pelo Ministério da Fazenda. Está também alinhada à Nova Política Industrial e ao novo Plano Clima, que guiará a política climática brasileira até 2035.
"A bioeconomia brasileira é tão diversa como quanto nosso povo e nossos ecossistemas, desde produtos das florestas, rios, lagos e oceanos para a geração de produtos que agregam conhecimento e tecnologia e, como bioplásticos e biocombustíveis, até o uso sustentável de produtos florestais, incluindo produtos florestais madeireiros e não madeireiros, alimentos saudáveis, fibras, cosméticos, produtos farmacêuticos, entre outros", afirmou o secretário-executivo do Ministério do Meio Ambiente.