O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, pretende sancionar o projeto de lei que propõe a legalização dos cassinos e jogos de azar, como o bingo e o jogo do bicho, se este for aprovado pelo Congresso, mas afirmou que isso não é "o que vai salvar o país" em termos de renda e criação de emprego.
Em uma entrevista nesta sexta-feira à Rádio Meio Norte no estado do Piauí, o presidente afirmou que se o texto for aprovado no Congresso, com acordo entre os partidos políticos, "não há razão para não sancioná-lo".
Na última quarta-feira, a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou, por um placar aprovado, um projeto que libera os jogos de azar no Brasil, que já tinha sido aprovado pela Câmara dos Deputados e que estava pendente no Senado desde 2022.
O projeto agora ainda terá de ser debatido e analisado pelo plenário principal do Senado. Se o conjunto de senadores não promover alterações à proposta e aprová-la, o projeto seguirá para a sanção de Lula.
A proposta prevê a permissão para a instalação de cassinos em polos turísticos ou em complexos integrados de lazer, como hotéis de alto padrão (com pelo menos 100 quartos), restaurantes, bares e locais para reuniões e eventos culturais.
O texto também permite uma possível concessão de uma licença para um cassino em cada estado e no Distrito Federal, sendo que o estado de São Paulo poderia ter três e Minas Gerais, Rio de Janeiro, Amazonas e Pará até dois cada um, por razões de tamanho da população ou de território.
Os parlamentares que se opõem ao projeto argumentam que a liberalização aumenta o vício do jogo e cria um entorno favorável à prostituição, o consumo de drogas e à máfia. O jogo está proibido no Brasil desde 1946.
Na entrevista, o presidente disse não ser favorável a jogos de azar, mas afirmou também que não os considera um crime.
"Jogar cartas, poker, apostar dinheiro está proibido, fazer um cassino está proibido. Mas o jogo que se vê na televisão, no esporte? Meninos com celular na mão, apostando todo dia. Quem pode impedir?", questionou.
"Não acredito no discurso de que 'se houver um cassino, os pobres gastarão tudo que têm'. Eu não acredito que pobre vai gastar no cassino. Pobre não vai ao cassino. Pobre vai trabalhar no cassino. Ele não vai porque é coisa para gente que tem dinheiro", acrescentou.
Os defensores do projeto destacam os benefícios econômicos, a criação do emprego e o desenvolvimento turístico das regiões com a presença de cassinos, bem como o aumento da arrecadação fiscal para o governo.
Apesar de estar de acordo com esses benefícios, para Lula, "isto não resolverá o problema do Brasil".
"Essa promessa fácil de que vai gerar dois milhões de empregos, de que vai desenvolver, também não é verdade. Meu jogo é fazer com que a economia brasileira volte a crescer, meu jogo é investir fortemente na educação profissional e técnica, em universidades e na educação primária", ressaltou.
"Meu jogo é fortalecer as escolas de tempo integral em todo o Brasil, criar empregos, aumentar os salários e distribuir renda porque isso é o que faz as pessoas felizes. Esse é o jogo no qual o povo brasileiro tem que apostar e esse é o jogo que o povo vai ganhar", concluiu.