Uma equipe da Universidade de Nanjing realizou um evento memorial perto da lápide de John Rabe em Berlim no sábado (6) para lembrar a ação heróica do alemão de proteger centenas de milhares de chineses em Nanjing, leste da China, durante a Segunda Guerra Mundial.
Christoph Reinhardt, bisneto de Rabe, juntou-se ao evento organizado pela equipe de investigação científica "Diários de John Rabe e a Cidade da Paz" da Universidade de Nanjing.
Reinhardt disse: "Esquecer a história é arriscar a sua repetição, enquanto comemorar nos permite lembrar o passado e construir juntos um futuro pacífico". Ele enfatizou que a relação China-Japão deve ser baseada na honestidade, e o diário de Rabe é um dos registros mais autênticos do Massacre de Nanjing.
Depois que o Exército Imperial Japonês capturou Nanjing, no leste da China, em 13 de dezembro de 1937, os invasores japoneses mataram brutalmente aproximadamente 300.000 civis chineses e soldados desarmados em mais de seis semanas. Mais tarde conhecido como Massacre de Nanjing, este episódio da história foi uma das atrocidades mais bárbaras durante a Segunda Guerra Mundial.
Rabe, então trabalhando como representante da Siemens durante a ocupação japonesa da cidade, criou uma zona de segurança internacional com outros estrangeiros e protegeu civis dos invasores japoneses. Essa zona salvou a vida de cerca de 250.000 chineses entre 1937 e 1938, e Rabe foi apelidado de "Oskar Schindler da China".
Durante sua estada na China, Rabe fez registros escritos e fotográficos em seu diário, que se tornou uma fonte indispensável de evidências históricas para o estudo do Massacre de Nanjing.
“Ao tornar públicos estes registros, a verdade da história pode ser reconhecida pelo mundo”, disse Reinhardt, acrescentando que “a memória não pode ser alterada pelo voto; a história é o que realmente aconteceu, e devemos enfrentá-la e lembrá-la”.
Durante o evento, Reinhardt e os estudantes e professores chineses depositaram flores na lápide de Rabe, prestando homenagem a este grande humanitário.
Chang Xuan, membro da equipe e professor da Escola de Estudos Estrangeiros da Universidade de Nanjing, destacou a importância de memorizar a história em conjunto com os descendentes de Rabe no local.
“Cada geração tem a responsabilidade de transmitir a história e a memória para evitar a repetição de erros do passado”, disse Chang, acrescentando que “o espírito de grande amor e busca pela paz de Rabe é um legado valioso com o qual cada geração pode aprender”.
"Poder vir hoje a Berlim para prestar homenagem a Rabe concretizou um desejo antigo meu e da nossa equipe. Não é apenas um tributo à história, mas também um compromisso com a paz", disse Lei Qianhao, estudante de graduação do Escola de Jornalismo e Comunicação da Universidade de Nanjing.
"A história de Rabe também ecoa o espírito cultural tradicional chinês de apoio mútuo e é uma prática vívida de construção de uma comunidade com um futuro partilhado. Face à atual complexa situação internacional, devemos reavivar esta crença e contribuir com a força da juventude para a paz ", enfatizou Lei.
A equipe de investigação científica dos Diários de John Rabe e da Cidade da Paz foi criada em 2021 e tem se dedicado a descobrir os detalhes históricos do Massacre de Nanjing, ao mesmo tempo que promove ativamente a paz.