Por Diário do Povo
A cooperação energética é indispensável para as relações econômicas e comerciais sino-sauditas. Durante a visita do presidente Xi Jinping à Arábia Saudita, as duas partes concordaram em construir relações de cooperação estratégica no âmbito energético estáveis e de longo prazo.
O ex-enviado especial da China ao Oriente Médio e ex-embaixador chinês na Arábia Saudita, Wu Sike, disse ao Diário do Povo que, nos últimos anos, a China considera a Arábia Saudita um importante parceiro de cooperação energética, e que o país oferece garantias ao nível de compensação face a uma possível escassez de importações energéticas da China. Como país consumidor de energia, a China precisa de um abastecimento de energia estável da Arábia Saudita. Por seu lado, a Arábia Saudita, como maior país produtor de petróleo, precisa também de estabilidade no mercado chinês, afirmou Wu.
De acordo com Wu, a Arábia Saudita está a planejar a diversificação do seu desenvolvimento econômico. A cooperação petrolífera sino-saudita não está somente limitada ao negócio do crude, mas inclui também a exploração e a refinação do petróleo e dos seus derivados.
“Com a volatilidade dos preços do crude, é extremamente importante para a China e para a Arábia Saudita estabelecerem relações de cooperação estratégica estável e de longo prazo,” disse Li Guofu, diretor do Centro de Pesquisa do Oriente Médio do Instituto de Estudos Internacionais da China.
O professor do Departamento de Língua Árabe da Universidade de Pequim e diretor do Centro de Pesquisa do Fórum de Cooperação China-Árabia, Wu Bingbing, indicou que a Arábia Saudita tem grandes necessidades de novas fontes energéticas, incluindo a energia nuclear, e a China, França, Rússia, Coreia do Sul e alguns outros países são os únicos do mundo que possuem tecnologia e a capacidade de produção e investimento na área. Deste modo, a China e a Arábia Saudita terão uma ampla margem de manobra nos seus futuros acordos neste setor.
O ministro da defesa saudita, o Príncipe Mohammad bin Salman, afirmou no dia 7 de janeiro que o país estaria a considerar a entrada em bolsa do gigante estatal petrolífero, a Saudi Aramco.
Wu frisou que isto revela que a indústria energética saudita irá realizar um reajustamento estrutural e se prepara para internacionalizar o seu mercado petrolífero. Se a Saudi Aramco for listada, as empresas chinesas deverão possuir estrategicamente algumas ações da companhia e participar na sua operação de capital para aprofundar a colaboração energética entre ambas as partes.
Segundo o professor, a indústria de refinação pode enfrentar melhor o impacto trazido pela volatilidade dos preços de petróleo internacionais. “No futuro, a China pode abrir algumas fábricas de refinação na Arábia Saudita para elevar o valor acrescentado dos produtos de petróleo sauditas e criar mais empregos locais. De um ponto de vista de longo prazo, isto também acelerará a realização da diversificação econômica do país árabe e deverá delinear a nova direção da cooperação energética sino-saudita,” acrescentou Wu.
Nos últimos anos, várias grandes empresas chinesas realizaram novas formas de cooperação com a Arábia Saudita. Em setembro de 2015, o centro de inovação co-estabelecido pela empresa chinesa Huawei, Saudi Aramco e Universidade de Petróleo e Minerais Rei Fahd foi aberto oficialmente em Dhahran, no leste da Arábia Saudita.
De acordo com a reportagem do jornal saudita Arab News, o novo centro vai aproveitar a tecnologia avançada da empresa Huawei, assim como a sua capacidade de satisfazer necessidades específicas dos clientes, para se dedicar ao fornecimento de soluções de tecnologia da informação e comunicação à indústria de petróleo e gás saudita.
Edição: Chen Ying
Revisão: Mauro Marques