Beijing, 11 nov (Xinhua) -- A China tem 9,02 milhões de crianças vivendo no campo e sofrendo de carência de cuidados, de acordo com um comunicado do Ministério dos Assuntos Civis (MAC) da China publicado na quinta-feira após um censo realizado este ano.

As crianças "abandonadas" na China se referem às crianças rurais menores de 16 anos cujos pais são trabalhadores migrantes, ou cujo pai ou mãe é trabalhador migrante e o outro é incapaz de tutela.

O censo foi iniciado em março e realizado em conjunto pelo MAC, Ministério da Educação e Ministério da Segurança Pública.

Mais de 90% de crianças "abandonadas" vivem no centro e oeste da China, regiões sub-desenvolvidas em relação ao leste do país.

Das crianças "abandonadas", 8,05 milhões, ou 89,3% delas estão sob cuidados dos avós e 3,3% estão sendo cuidadas por outros parentes. Estima-se que 4% delas estão sem nenhuma tutela.

"O fluxo de trabalhadores migrantes impulsionado pela urbanização tem afetado as unidades familiares e muitos pais carecem de consciência real sobre suas responsabilidades", disse Tong Lihua, diretor de uma organização de apoio legal para adolescentes com sede em Beijing.

Em junho de 2015, quatro irmãos morreram bebendo pesticida na Província de Guizhou, no sudoeste da China, três deles menores de 10 anos. A mãe havia abandonado a família e o pai havia migrado para trabalhar fora. As crianças estavam vivendo sem tutela por cerca de dois anos.

O comunicado incluiu um anúncio sobre o programa de tutela, aconselhando que quando as crianças "abandonadas" são encontradas vivendo sozinhas, os pais deverão voltar para cuidar deles ou achar responsáveis confiáveis como alternativa.

O programa tem como objetivo garantir que todas as crianças "abandonadas" estejam sob o cuidado apropriado antes do final de 2017.