A China criticou as ações do primeiro-ministro japonês Shinzo Abe que visam “semear a discórdia”, durante a sua viagem pelos quatro países da região Ásia-Pacífico, afirmando que as mesmas revelam uma “mentalidade extremamente doentia”.
A porta-voz do ministério de Relações exteriores, Hua Chunying, transmitiu a crítica na segunda-feira, após citações do jornal The Philippine Star, onde é avançado que o presidente filipino, Rodrigo Duterte, terá negado a oferta de Abe de fornecimento de mísseis ao país.
Abe, que partiu das Filipinas na sexta-feira, foi citado pela Associated Press como tendo afirmado em Manila, na quinta-feira, que “a questão do Mar do Sul da China está diretamente ligada à paz e estabilidade regionais, e é uma preocupação de toda a comunidade internacional”.
Hua reprovou o comportamento de Abe como contendo “segundas intenções”.
“Como é percetível, a situação no Mar do Sul da China está cada vez mais estável, e já retomou o seu rumo, através de negociações e esforços conjuntos entre a China e os países da ASEAN relevantes”, afirmou Hua.
“Contudo, o líder japonês não tem poupado esforços em semear a discórdia e jogar com a tensão sentida na região”, acrescentou.
Hua aproveitou também para elogiar as políticas externas independentes que foram adotadas após a tomada de posse de Duterte.
Na sua viagem, Abe passou também pela Austrália e Indonésia, estando agora no Vietnã.
Lyu Yaodong, investigador de políticas externas do Japão na Academia Chinesa de Ciências Sociais, acredita que o Japão está a “brincar” com a questão do Mar do Sul da China por meio da visita de Abe.
Classificando o Japão como “incendiário” na região Ásia-Pacífico, Lyu acrescenta que aquele país pretende encorajar as Filipinas e “agitar novamente a questão do Mar do Sul da China”.
Desde que Duterte — que demonstrou intenções de resolver pacificamente as disputas marítimas — visitou a China em outubro, os laços sino-filipinos recuperaram significativamente dos danos provenientes da questão de arbitragem do Mar do Sul da China, em 2013.
Hua reiterou na segunda-feira que a China apoiará as Filipinas na presidência da ASEAN, quando a nação do sudeste asiático assumir a presidência rotativa da instituição este ano.
Jia Duqiang, investigador de estudos do sudeste asiático da Academia Chinesa de Ciências Sociais, acrescenta que as Filipinas desempenharão um papel crucial na intensificação da cooperação China-ASEAN em diversas áreas, incluindo o avanço do “Código de Conduta no Mar do Sul da China”.