Beijing, 6 mar (Xinhua) -- Apesar do aumento dos custos logísticos, trabalhistas e dos terrenos, os fabricantes chineses encontraram um momento de oportunidade.
Os salários médios na indústria manufatureira da China subiram para ficar acima da média nos países da América Latina e se aproximam dos 70% do nível de certos países menos desenvolvidos da zona do euro, de acordo com os dados do Euromonitor International, um grupo de pesquisa.
As empresas na China também enfrentam custos logísticos mais altos, que chegam a representar quase 30% do custo total de produção, e são notavelmente superiores em relação à média entre 10% e 15% nos países desenvolvidos.
O setor manufatureiro da China está sob pressão, com as fábricas transladando a produção intensiva em mão de obra a países com menores custos e a nações desenvolvidas que aspiram atualizar suas indústrias, explicou Xu Zhaoyuan, pesquisador do Centro de Desenvolvimento e Pesquisa do Conselho de Estado.
No entanto, seria um engano subestimar as vantagens competitivas do setor manufatureiro da China.
Face aos elevados custos de produção e transporte, os fabricantes na China se beneficiam de um crescente apetite do país por produtos de alta tecnologia e os esforços do governo na hora de reduzir as taxas e impostos.
"Mais à frente do custo, a competitividade no setor manufatureiro trata também do capital humano, o desenvolvimento das infraestruturas e o tamanho do mercado", indicou Xu.
Já se passaram os dias quando os fabricantes prosperavam oferecendo produtos baratos de qualidade medíocre. Os consumidores chineses cada vez mais ricos estão interessados em adquirir mercadorias de alta tecnologia, como vasos sanitários inteligentes e veículos a nova energia.
Depois de deixar atrás o estereótipo de uma fabricação da China antiquada, o setor está procurando incorporar tecnologias avançadas e crescer mediante a inovação, de acordo com uma pesquisa publicada pela Deloitte no ano passado.
Há dois anos, a China anunciou seu plano "Feito na China 2025" para ajudar ao setor manufatureiro a escalar na cadeia de valor promovendo o desenvolvimento em dez setores chave, entre eles os equipamentos médicos e a robótica.
Em consequência, na semana passada o governo desdobrou uma série de projetos planejados para desenvolver a mão de obra especializada para atender o crescimento do setor.
O valor agregado industrial da China no setor manufatureiro cresceu 6,8% anualmente em 2016, com a fabricação de alta tecnologia e de equipamentos registrando um aumento anual de 10%.
O fomento da economia real, em particular da indústria manufatureira, é uma prioridade na agenda de trabalho governamental para 2017.
A liderança central do país destacou na última terça-feira a qualidade como um elemento substancial no momento de revitalizar o setor, insistindo que a indústria manufatureira optasse por melhorar esta questão em vez de aumentar a produção.
Além isso, a China canalizará mais energia para reduzir os preços e taxas administrativas nos setores monopolizados ao mesmo tempo em que se compromete a rebaixar as cargas tributárias das empresas.
Desde 2013, o governo central eliminou ou diminuiu aproximadamente 500 taxas administrativas às companhias. Apenas em 2016, a reforma que substituiu o imposto comercial pela imposto sobre valor agregado reduziu as imposições tributárias às empresas em mais de 500 bilhões de yuans (US$ 72,7 bilhões).
Por outro lado, o país está projetando mais zonas de livre comércio com menos papelada administrativa e mais políticas preferenciais para empresas chinesas e estrangeiras.
O mais alto órgão de planejamento econômico do país assegurou no mês passado que a China continuará incentivando o investimento estrangeiro a entrar no setor manufatureiro nacional oferecendo mais terrenos para uso industrial a preços mais baixos.
Graças a uma forte demanda, a uns profissionais talentosos e ao contínuo apoio governamental, a China está bem posicionada para tornar-se uma das nações manufatureiras mais avançadas do mundo por volta de 2049, disse Xu.