Rio de Janeiro, 9 nov (Xinhua) -- Um jovem negro é assassinado a cada 23 minutos no Brasil, afirmou a Organização das Nações Unidas (ONU) em um ato realizado terça-feira em Brasília para o lançamento da campanha "Vidas Negras", que visa conscientizar a população sobre a violência e a discriminação sofrida pelas pessoas de pele negra no país.
A campanha faz parte dos eventos que se realizarão no mês da "Consciência Negra" (novembro) e inclui uma série de vídeos que abordam temas como "filtragem social", o que, segundo a ONU, é a escolha de suspeitos pela polícia com base "exclusivamente na cor da pele".
Os números da discriminação e violência que afetam esse grupo de pessoas no Brasil serão apresentados por artistas negros como Taís Araujo, Elisa Lucinda e Érico Bras.
Os dados apresentados pela ONU são do Mapa da Violência da Faculdade Latino-Americana de Ciências Sociais (Flacso).
Segundo o relatório, a cada mil adolescentes brasileiros, quatro morrerão assassinados antes dos 19 anos. Se o cenário não mudar, isso significa que 43 mil jovens de 12 a 18 anos morrerão no período entre 2015 e 2021 no país, sendo que para cada branco, haverá três negros assassinados.
A ONU também ressaltou que segundo uma pesquisa realizada pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (SEPPIR) e pelo Senado Federal, 56% da população local concordam com a afirmação de que "a morte violenta de um jovem negro choca menos à sociedade do que a de um jovem branco".
Para a ONU, o dado revela "o grau de indiferença com que os brasileiros encaram um problema que deveria ser de todos".