O afastamento de Mugabe da presidência do Zimbabué foi anunciado por Jacob Mudenda, presidente da Assembleia Nacional, na terça-feira.
Na sua carta de resignação, Mugabe escreveu: “Eu, Robert Gabriel Mugabe, nos termos da sub secção 1, da Secção 96 da Constituição do Zimbabué, apresento formalmente a minha resignação enquanto Presidente do Zimbabué com efeito imediato”.
Podia ainda ler-se: “A minha decisão de renúncia é voluntária e deve-se à minha preocupação com o bem-estar do povo do Zimbabué e com o meu desejo de assegurar uma transição suave, pacífica e não violenta do poder, atestando a segurança nacional, a paz e a estabilidade”.
Mudenda anunciou imediatamente a suspensão do debate e disse que seriam postos em curso de imediato os processos legais para instaurar um novo presidente para o país, no máximo até ao final de quarta-feira.
A resignação surge 2 dias depois do partido na liderança, Zanu-PF, ter deposto Mugabe, removendo-o do governo sob várias acusações.
O partido havia concedido a Mugabe até ao meio-dia de segunda-feira para abandonar o cargo, mas o agora ex-presidente ignorara o prazo, motivando os legisladores do Zanu-PF a darem início a um processo de impeachment contra ele.
Contudo, no momento em que os procedimentos começaram a decorrer, Mugabe demitiu-se abruptamente, pondo termo a quase 4 décadas de domínio quase integral do cenário político zimbabwiano.
Com efeito, na África do Sul o tráfego rodoviário ficou congelado após milhares de zimbabwianos acorrerem às ruas da cidade em celebração do afastamento de Mugabe.
Um professor Zimbabwiano residente em Joanesburgo, Sylvester Simanga Dube, recebeu com satisfação a notícia. Ele afirmou que muitos conterrâneos têm saudades do país de origem, após viverem no estrangeiro durante tanto tempo.
“Não me importo de quem venha a assumir a presidência, mas existem sinais de que teremos um recomeço promissor. O novo líder tem de trabalhar no rejuvenescimento econômico e terá de ter uma voz apelativa para a comunidade internacional”, disse.
No início de terça-feira, o canal zimbabwiano New Ziana noticiou que Jacob Zuma, presidente sul-africano e o seu homólogo João Lourenço, de Angola, irão viajar ao Zimbabué na quarta-feira para aferir a situação política no país.
