A China é o maior e, provavelmente, mais competitivo mercado de automóveis do mundo, onde quase todas as marcas lutam por uma maior proeminência. Contudo, um estudo recente revela que um dos concorrentes mais sérios poderá surgir de fora do setor.
Uma pesquisa da JD Power sobre satisfação do consumidor com as soluções de mobilidade na China indica que 19% dos consumidores estão "muito dispostos" e 51% estão "ligeiramente dispostos" a não possuir um carro se existirem outras alternativas de mobilidade.
Em contraste, uma pesquisa similar nos EUA mostrou que 69% das pessoas prefere possuir veículo próprio.
A JD Power informou que as descobertas não significam que as vendas de carros na China cairão num futuro próximo; na verdade, prevê um crescimento moderado e de um único dígito percentual nos próximos anos.
Mas acrescentou que os fabricantes de automóveis não devem ser excessivamente otimistas quanto ao potencial de crescimento da China, com base na simples matemática de que os Estados Unidos possuem uma relação de 800 veículos por cada 1.000 pessoas, enquanto esse número na China é de apenas 205.
A pesquisa revelou também que os consumidores na China estão altamente satisfeitos com a forma como se deslocam atualmente.
Em comparação com as opções de mobilidade disponíveis há três anos, 85% dos inquiridos estão mais satisfeitos com as opções de hoje, especialmente com aplicativos como o Didi Chuxing.
A pesquisa revela ainda que mais da metade dos consumidores chineses nascidos na década de 1990 usam aplicativos graças à sua "conveniência facilidade de uso".
O conceito de compartilhamento de automóveis tem também sido impulsionado no mercado chinês.
Mais de metade dos inquiridos estão a par dos serviços de aluguel de carros e 70% deles estão dispostos a experimentá-los.
Em resposta a estas tendências, os fabricantes de automóveis, especialmente as startups, estão criando novas estratégias.
A National Electric Vehicle Sweden, fabricante de automóveis cujo projeto em Tianjin arrancou a produção na semana passada, está preparada para fornecer carros elétricos para a Didi, que prevê utilizar 1 milhão de carros elétricos em sua plataforma até 2020.
A NEVS, a Didi e a Global Energy Interconnection Corp também iniciaram uma joint-venture para fornecer serviços e infraestruturas, por forma a dar resposta à crescente demanda pela mobilidade elétrica.
Os gigantes automotivos tradicionais também estão se preparando para as mudanças.
O Grupo BMW lançou recentemente um programa de compartilhamento de carros elétricos — ReachNow — em Chengdu, capital da província de Sichuan.
"O lançamento do ReachNow na China, reflete a visão da BMW para a mobilidade futura", afirmou Bernhard Blaettel, vice-presidente de serviços de mobilidade e energia do grupo.
A Volkswagen AG estabeleceu a marca Ezia para fornecer serviços inteligentes de mobilidade na China, incluindo mobilidade sob demanda, cobrança inteligente e assistentes baseados em inteligência artificial ativados por voz, que serão desenvolvidos especificamente para consumidores chineses.
Weiming Soh, vice-presidente executivo da Volkswagen, disse: "A indústria automobilística já não está enfrentando um mercado de ‘consumidores de veículos’, mas sim de ‘consumidores de serviços de mobilidade’".