Por Ruan Zongze
A convite de Shinzo Abe, o primeiro-ministro japonês, Li Keqiang, chegou a Tóquio nesta última terça-feira (8) para uma visita oficial ao Japão e para participar da cúpula trilateral China-Japão-Coreia do Sul.
Trata-se da primeira visita oficial ao Japão por um chefe do Governo chinês nos últimos 8 anos. Durante a visita, Li Keqiang irá se reunir com o imperador japonês e dialogar com Shinzo Abe, além de comparecer à atividade comemorativa do 40º aniversário da celebração do tratado de amizade entre os dois países. A agenda de Li incluirá ainda uma visita à ilha de Hokkaido.
Na qualidade de segunda e terceira maiores economias do mundo, a tendência do relacionamento entre a China e o Japão ocupa o centro das atenções à comunidade internacional.
O ano de 2018 é considerado significativo, tanto para a China como para as relações bilaterais sino-nipônicas. Serão assinalados o 40º aniversário da implementação da política de reforma e abertura da China, e a assinatura do tratado de paz e amizade China-Japão.
A ordem internacional atravessa atualmente um período de transformação profunda, com a situação em mudança do nordeste asiático, juntamente com a ascensão do unilateralismo e o protecionismo a ameaçar o mecanismo do comércio multilateral.
Neste contexto, a visita de Li pode servir o propósito de consolidar o melhoramento das relações sino-japonesas e de promover o desenvolvimento normal desses laços.
Em 2012, o Japão “nacionalizou” as ilhas Dioayu, prejudicando as relações sino-japonesas, além de fomentar disputas, negando a existência de episódios históricos irrefutáveis e promovendo a discórdia face à questão de Taiwan. Em resposta, a China reforçou o envio de patrulhas às águas adjacentes às Ilhas Diaoyu, e estabeleceu a zona de identificação aérea no Mar do Leste.
Por seu turno, a política do Japão atravessou um período conturbado, associado à depressão econômica e à hiperbolização de uma suposta “ameaça da China”. Tendo estes fatores em consideração, as relações bilaterais registraram um período de estagnação e afastamento.
Recentemente, os dois países começaram a reatar as conversações, tratando-se de um processo complexo. O primeiro-ministro chinês Li Keqiang viu um artigo de sua autoria publicado num jornal japonês, no qual frisa que, contanto que a China e o Japão insistam nos princípios e no espírito dos quatro documentos políticos bilaterais — a saber: Comunicado Conjunto Sino-Japonês de 1972; Tratado de Paz e Amizade Sino-Japonês de 1978; Declaração Conjunta Sino-Japonesa de 1998 e o Comunicado Conjunto China-Japão para a Promoção Estratégica de Relações Recíprocas de 2008 — as relações entre os dois países poderão firmar novos avanços. Caso contrário, fracassarão.
Enquanto países vizinhos, a China e o Japão podem alcançar mutuamente benefícios pela via da cooperação, ao invés do confronto. Os dois países podem colaborar na construção de uma comunidade de destino compartilhado, inclusive no âmbito da iniciativa do “Cinturão e Rota”, visando a criação de uma Ásia e de um mundo pacífico, próspero e aberto.
(O autor é o vice-diretor executivo do Instituto de Estudos Internacionais da China)