Beijing, 19 out (Xinhua) -- Os cientistas e engenheiros espaciais da parte continental da China e de Hong Kong estão trabalhando juntos em um telescópio espacial para procurar a misteriosa matéria escura em aglomerados de galáxias a cerca de 300 milhões de anos-luz de distância.
O telescópio espacial HKU Nº1, com um detector na forma do olho de uma lagosta, será enviado ao espaço em 2019.
Trata-se de um projeto conjunto da Universidade de Hong Kong (HKU), Universidade de Nanjing, Instituto de Mecânica e Eletricidade Espaciais de Beijing subordinada a Academia de Tecnologia Espacial da China, e duas empresas espaciais comerciais de Beijing.
Inspirados no olho da lagosta, os cientistas dos EUA inventaram a tecnologia de focagem no final dos anos 70. Sua maior vantagem é a visão de grande ângulo.
Muitos laboratórios do mundo usaram essa sonda para detectar raios X no espaço, mas nenhuma foi enviada para órbita.
Su Yun, diretor do centro de pesquisa e desenvolvimento do Instituto de Mecânica e Eletricidade Espaciais de Beijing, revelou que o instituto começou a desenvolver um detector de focagem de raios X em 2013 e fez avanços na tecnologia central no final de 2015. Em 2016, a HKU e outras organizações apoiaram a aplicação dessa tecnologia na astronomia espacial.
Observações astronômicas mostram que todas as matérias conhecidas representam apenas cerca de 5% do universo, enquanto 95% é composto de matéria escura e energia escura.
Consideradas como as duas "nuvens negras" sobre a área física do século 21, a matéria escura e a energia escura estão na fronteira da física básica e da cosmologia.
O que é matéria escura? Existem muitas hipóteses.
A China lançou o Explorador de Partículas de Matéria Escura (DAMPE), apelidado de Wukong ou Rei Macaco, no final de 2015, para detectar os elétrons de alta energia e raios gama no espaço, que podem ser gerados no processo de aniquilação ou decaimento da matéria escura.
"Se compararmos os sinais procurados pelo DAMPE como o 'principal suspeito' da matéria escura, então o nosso telescópio vai investigar outro 'suspeito', o neutrino estéril", disse Su Meng, vice-diretor do Laboratório da HKU para Pesquisa Espacial.
O satélite também será usado para estudar o gás quente em aglomerados ricos de galáxias, observar cometas no sistema solar e explorar a interação do vento solar com a magnetosfera da Terra, disse Su.
Quentin Parker, reitor associado da Faculdade de Ciências da HKU, disse que a missão é altamente interdisciplinar, o que combina efetivamente astronomia, ciência da Terra e ciência planetária. O potencial dividendo científico e impacto deste satélite é vanguardista.