Rio de Janeiro, 22 mai (Xinhua) -- O escritor, compositor e cantor brasileiro Chico Buarque, de 74 anos, foi anunciado nesta terça-feira como vencedor do Prêmio Camões 2019, o mais importante da literatura em língua portuguesa.
A 31ª edição do prêmio, organizado pelos governos de Portugal e do Brasil, dará ao vencedor 100 mil euros. O júri responsável pela escolha, formado por representantes do Brasil, de Portugal e de países africanos de língua oficial portuguesa, anunciou o ganhador, escolhido por unanimidade, após reunião de quase duas horas na sede da Biblioteca Nacional, no Rio de Janeiro. Ainda não há previsão para data da cerimônia de entrega do prêmio.
Instituído em 1988, o Camões premia todo ano um autor de um país da comunidade lusófona. A escolha é um reconhecimento da obra completa do autor, em vez de apenas a uma obra específica. O último brasileiro eleito havia sido Raduan Nassar, autor de "Lavoura Arcaica", em 2016.
Chico Buarque, que se encontra em Paris, só foi localizado no final da noite e ao saber do prêmio divulgou uma nota através de sua assessoria de imprensa, na qual afirmou sentir-se "muito feliz e honrado de seguir os passos de Raduan Nassar".
Escolhido por unanimidade pelo júri, Chico é o 13º escritor brasileiro premiado com o Camões e entre todos os autores que já ganharam o troféu, Chico é o primeiro que tem na música popular sua obra principal, embora seja também um autor de peças de teatro e de vários livros premiados no Brasil, como "Leite derramado", "Benjamin", "Budapeste" e outros.
Em nota, o júri composto por Clara Rowland e Manuel Frias Martins, de Portugal, Ana Paula Tavares, de Angola, Antonio Cicero Correia Lima e Antônio Carlos Hohlfeldt, do Brasil, e Nataniel Ngomane, de Moçambique disse que escolheu Chico tanto pela qualidade de sua obra, quanto pela sua "contribuição para a formação cultural de diferentes gerações em todos os países onde se fala a língua portuguesa".
Os jurados destacaram ainda o "caráter multifacetado" de seu trabalho, que passa pela poesia, o teatro e o romance. "Seu trabalho atravessou fronteiras e mantém-se como uma referência fundamental da cultura do mundo contemporâneo", destacou a nota.