Brasília, 11 jul (Xinhua) -- O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, anunciou nesta quinta-feira que pretende nomear seu filho Eduardo Bolsonaro, que é titular da Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, como embaixador nos Estados Unidos.
"Eu já me decidi, agora cabe a ele decidir, não é fácil ter que renunciar ao mandato de parlamentar", disse Bolsonaro, ao ser questionado sobre o assunto em entrevista após a solenidade de posse do novo diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), Alexandre Ramagem.
Segundo o presidente, uma das vantagens da nomeação seria a relação de Eduardo com os filhos do chefe de Estado norte-americano, Donald Trump.
"Ele é amigo dos filhos do Trump, fala inglês, fala espanhol, tem vivência muito grande de mundo. No meu entender, poderia ser uma pessoa adequada e daria conta do recado perfeitamente em Washington", afirmou.
O presidente acrescentou que já tinha cogitado essa possibilidade no passado e que voltou a considerá-la nesta quinta-feira.
"Eu fiquei pensando: imagine se tivesse no Brasil o filho do presidente Mauricio Macri como embaixador da Argentina? Obviamente que o tratamento seria diferente de um embaixador normal", explicou Bolsonaro.
A legislação relativa ao serviço no exterior determina que os embaixadores serão escolhidos entre os ministros de primeira classe (um dos cargos da estrutura organizacional do Itamaraty) ou entre ministros de segunda classe.
Não obstante, o parágrafo único do artigo 41, autoriza, em caráter excepcional, a escolha de chefes de missão que não façam parte da carreira diplomática desde que sejam brasileiros natos, maiores de 35 anos, "de reconhecido mérito e com relevantes serviços prestados ao país".
Eduardo Bolsonaro completou 35 anos nesta quarta-feira (10), idade que o habilita a exercer um cargo de embaixador.
Parlamentar mais votado da história do Brasil em outubro passado, Eduardo tem realizado viagens a Washington desde janeiro como representante pessoal do pai perante o governo e parlamentares norte-americanos.
Ao ser questionado sobre a notícia, o deputado declarou que ainda não existe nada oficial, mas que está disposto a cumprir a missão que seu pai lhe encarregar, apesar de não ser um diplomata de carreira.
"Se o presidente Jair Bolsonaro me confiar essa missão, eu estaria disposto a renunciar ao mandato", afirmou. No Brasil, uma pessoa com cargo eletivo deve renunciar para poder ocupar o posto de chefe de uma missão diplomática.
A representação brasileira em Washington está sem embaixador desde abril, quando Bolsonaro determinou a saída do diplomata Sergio Amaral, que organizou a visita em março do presidente brasileiro a seu colega Trump.