Entrevista: BRICS é importante a nível mundial por seu apoio ao multilateralismo, afirma especialista brasileiro

Fonte: Xinhua    13.11.2019 08h19

Rio de Janeiro, 12 nov (Xinhua) -- O grupo BRICS, integrado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, é importante a nível mundial porque está a favor do multilateralismo e em contra do protecionismo econômico e comercial, afirmou o analista brasileiro Mauricio Santoro.

"O BRICS é importante na política internacional porque representa uma voz favorável ao multilateralismo, às regras estáveis e contra o protecionismo econômico e comercial", expressou o politólogo.

Em entrevista à Xinhua, o professor de Relações Internacionais da Universidade Estatal do Rio de Janeiro manifestou que "tanto para a China como para o Brasil, as instituições internacionais e o multilateralismo são muito importantes".

"As Nações Unidas, a Organização Mundial do Comércio, criam regras que valem para todos os países, e para os países em desenvolvimento, como o Brasil e a China, há regras estáveis que todo o mundo deve respeitar", acrescentou.

O doutor em Ciência Política afirmou que o acesso aos mercados facilita o comércio internacional, o investimento e o desenvolvimento de cada país.

"O cenário que vimos nos últimos anos, em particular desde a grande crise financeira no final da década passada, é um cenário que preocupa o Brasil e a China, porque vemos diversos países atuando de maneira individual, sem ter em conta a importância deste cenário positivo, e isto torna o mundo mais instável, mais difícil", disse.

Para Santoro, esta instabilidade "cria incentivos para que os países tentem romper as regras. Isto não é bom para ninguém. No curto prazo talvez haja algum país que consiga ganhar alguma vantagem em relação com isto, mas no médio prazo, todos perdemos".

Ressaltou que "nos últimos anos houve uma série de crises econômicas em alguns membros do BRICS, em particular no Brasil e África do Sul, que tornaram sua política externa um pouco mais instável, difícil".

"Isto não significa que o BRICS perdeu importância, é apenas a necessidade de repensar determinados aspectos da ação do grupo, e como a participação do BRICS pode ajudar o Brasil e a África do Sul a superar este momento de crise", comentou.

O especialista brasileiro destacou a ampla agenda de cooperação do grupo de potências emergentes.

"Abrange diversas áreas de políticas públicas que acabam mesclando-se também um pouco. Por exemplo, a cooperação em tecnologia também é importante para a segurança pública, apostando em associações, em sistemas de vigilância e de identificação facial", comentou.

"Tudo isto tem uma aplicação bastante grande na China, e o Brasil pode aprender com esta experiência. Ajuda a combater o crime em nosso país, que é um problema bastante grande", disse.

Assegurou que uma tecnologia deste tipo pode ajudar muito a polícia brasileira a resolver os crimes.

Segundo Santoro, "o BRICS é um sinal importante desta nova ordem internacional, onde a Ásia volta a ter um papel muito importante na política global".

Sobre o futuro do grupo, o politólogo expressou sua "curiosidade" por "saber se manterão o atual formato ou se incluirão outros países, como Indonésia, Argentina ou Nigéria, que são também importantes atores regionais e internacionais".

Expressou que o desafio para os países do BRICS é "como continuar trabalhando juntos, respondendo a esta situação atual, que é um pouco distinta do que foi na década passada, adaptando-se à medida que as circunstâncias se transformam".

(Web editor: Fátima Fu, Renato Lu)

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