Shanghai, 19 nov (Xinhua) -- A Cúpula Mundial da Mídia é uma iniciativa fascinante, e sua importância está aumentando ao longo dos anos, disse o executivo sênior de um grupo de mídia brasileiro à Xinhua na segunda-feira em uma entrevista.
À margem da quarta reunião da presidência da Cúpula Mundial da Mídia (WMS, na sigla em inglês), Uirá Machado, vice-editor executivo do Grupo Folha, informou que os desafios que a mídia enfrentava há dez anos não são desafios essenciais agora, acrescentando que a indústria enfrenta dois grandes desafios nas áreas de negócios e segurança.
Machado observou que o primeiro se relaciona ao modelo de negócios, pois as receitas dos meios de comunicação estão diminuindo devido à ascensão de gigantes de tecnologia, como Google e Facebook.
"Estamos mudando o modelo de negócios daquele em que a publicidade é a receita mais importante, para um outro em que precisamos obter assinantes", informou ele, acrescentando que essa mudança do modelo de negócios é realmente difícil de fazer, e é a questão mais importante no momento em termos econômicos.
O segundo é a segurança do jornalismo, que abrange muitos tópicos, como a segurança de jornalistas e a segurança de notícias próprias que é ameaçada por fake news, de acordo com Machado.
Na reunião da presidência da WMS na segunda-feira, os delegados concordaram que a quarta Cúpula Mundial da Mídia, a ser hospedada pela Agência de Notícias Xinhua, ocorrerá em 2020 em Beijing.
"Penso que é muito importante tê-la atualmente", assinalou o brasileiro, acrescentando que a WMS fornece um canal para os meios de comunicação se reunirem e alcançarem consenso sobre alguns princípios que são comuns para todos.
Machado disse esperar que a WMS do próximo ano tenha algumas iniciativas para fomentar a alfabetização midiática.
"Acho que a alfabetização midiática pode ter duas consequências importantes. A primeira é ter mais jovens consumindo notícias, e a outra é fazer as pessoas perceberem a diferença entre fake news e notícias próprias."
Ele também apontou a importância da cooperação multilateral relacionada à mídia e comunicação.
Como tanto o Brasil quanto a China são relativamente enormes em termos de população, área terrestre e volume econômico, eles devem buscar um papel maior na comunicação internacional para fazer sua voz ouvida, acrescentou.