Beijing, 22 nov (Xinhua) -- O ex-secretário do Tesouro dos EUA, Hank Paulson, está preocupado com as possíveis consequências da desvinculação da China e dos Estados Unidos em frentes financeiras, tecnológicas e outras.
A concorrência econômica pode ser acirrada, mas ao final, não precisa ser um jogo de soma zero, uma vez que a concorrência duradoura e persistente produz os melhores resultados a longo prazo para qualquer empresa ou país, disse Paulson, também presidente do Instituto Paulson, nesta quinta-feira ao participar do Fórum de Nova Economia em Beijing.
Ele apontou que desvincular a China dos mercados dos EUA excluindo empresas chinesas das bolsas norte-americanas seria uma "péssima ideia", pois forçará as ações chinesas a sair dos índices MSCI.
"Eventualmente isso ameaçaria a liderança estadunidense em finanças, bem como o papel de Nova York como o principal centro financeiro do mundo", disse ele.
Paulson atribuiu a superação da crise financeira de 2008 à coordenação eficaz das políticas monetárias e fiscais com outras economias importantes, incluindo a China. "Lamentaremos quando chegar a próxima crise, se as duas maiores economias do mundo não tiverem mecanismos de coordenação".
A dissociação de tecnologia foi outra grande preocupação de Paulson.
"Os sistemas e padrões de tecnologia estadunidenses e chineses estão sendo separados, e como resultado os sistemas e padrões mundiais poderiam ficar balcanizados.
"Formar um bloco de tecnologia exclusivo isolaria e enfraqueceria a economia norte-americana ao reduzir a capacidade das empresas e trabalhadores do país para participarem de uma parte significativa do comércio global - não apenas com a China, mas também com o resto do mundo", destacou.
Ele pediu aos Estados Unidos que eliminem as barreiras destinadas a sancionar as empresas chinesas, como o uso de justificação de segurança nacional para impor tarifas ao aço e evitar bloquear as aquisições de investimentos sem riscos à segurança nacional.
Para o bem da prosperidade do povo e da economia global, é preciso ter uma maneira melhor, salientou ele.
Paulson disse ter esperança de que não passe muito tempo para que os dois países concluam a primeira fase de um acordo comercial EUA-China.
"Haverá certa dissociação natural, mas as ilusões de uma desvinculação geral e abrangente, e de uma cortina econômica de ferro deixarão nossos países e o mundo inteiro em pior situação", disse ele. "Precisamos evitar esse resultado. Precisamos evitá-lo agora."