A Polícia Federal (PF) do Brasil encontrou na casa do ex-ministro de Justiça do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, Anderson Torres, uma minuta de um decreto para instaurar o Estado de Defesa no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e mudar o resultado das eleições 2022 nas quais o atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva derrotou Bolsonaro no segundo turno.
O documento foi obtido na terça-feira durante uma operação de busca e apreensão na residência de Torres, em Brasília, para cumprir o mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, mas seu conteúdo só foi divulgado pela imprensa na tarde desta quinta-feira.
A PF esteve na casa de Anderson Torres na terça-feira (10) para cumprir o mandado de prisão expedido pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, mas o ex-secretário de Segurança Pública não estava. A minuta do decreto estava entre o material apreendido.
Após a publicação, o ex-ministro admitiu a existência do documento em uma rede social, afirmando que foi "publicado fora de contexto".
"Havia em minha casa uma pilha de documentos para descarte, onde muito provavelmente o material descrito na reportagem foi encontrado.Tudo seria levado para ser triturado oportunamente no MJSP (Ministério da Justiça). O citado documento foi apanhado quando eu não estava lá e vazado fora de contexto, ajudando a alimentar narrativas falaciosas contra mim", justificou.
Na nota, Torres destacou que sua pasta foi a primeira a entregar os relatórios de gestão para a equipe de transição do novo governo e concluiu: "Respeito a democracia brasileira. Tenho a consciência tranquila em relação a minha atuação como Ministro."
Torres assumiu o comando da Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal (DF) ao terminar o governo de Bolsonaro e já estava no cargo no domingo 8 de janeiro, quando apoiadores de Bolsonaro atacaram os prédios do Congresso Nacional, do Palácio do Planalto e da Suprema Corte.
Não obstante, viajou de férias, na véspera, para Orlando, nos Estados Unidos, a mesma cidade onde Bolsonaro se encontra desde 30 de dezembro, e a última informação é que ele chegará a Brasília para se entregar no próximo sábado.
Durante a invasão à sede dos Três Poderes, largamente mostrada pelas redes de televisão de todo o Brasil em tempo real, Torres foi exonerado pelo governador do DF, Ibaneis Rocha, que foi afastado do cargo no mesmo domingo por 90 dias, pelo ministro Alexandre de Moraes.