China e Índia são "duas exceções à desaceleração" que a economia global deve experimentar este ano, avaliou o presidente do Grupo Banco Mundial, David Malpass.
Ele deu a declaração em uma conferência de imprensa antes da semana das Reuniões de Primavera do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial, de acordo com um comunicado publicado no worldbank.org na segunda-feira.
"Espera-se que o crescimento global seja fraco este ano, desacelerando para 2%, de 3,1% em 2022. Para os EUA, esperamos uma desaceleração para 1,2%, de 2,1% em 2022", analisou Malpass.
"Vários fatores estão pesando sobre as perspectivas do segundo semestre: os preços do petróleo voltaram a subir acima de US$ 80 por barril. O recente estresse do setor bancário amortece a atividade. E as pressões inflacionárias persistem. O núcleo da inflação mensal dos EUA vem subindo nos últimos cinco meses", salientou ele.
"Vou notar duas exceções à desaceleração: China e Índia. O crescimento do PIB da China está se recuperando para mais de 5% em 2023, com forte investimento privado", apontou Malpass.
"Observo a estabilidade da moeda chinesa e a natureza anticíclica de sua política monetária", sublinhou ele.
"A Índia continua a ser uma das principais economias de crescimento mais rápido do mundo. Estamos projetando um crescimento de 6,3% no ano fiscal de 23/24", exaltou.
Malpass alertou que, olhando para o quadro geral, a economia global enfrenta dois problemas.
"Primeiro, a normalização das taxas de juros após uma década artificial perto de zero. Isso cria problemas em termos de incompatibilidade de duração, como vimos nas falências bancárias, escassez de liquidez e como alocar as perdas. A incompatibilidade de duração levará tempo para ser digerida. Com a inflação persistente e o dólar enfraquecendo, o risco é que as perdas sejam destinadas àqueles com rendimentos mais baixos, inclusive por meio da inflação", explicou.
Um segundo grande problema é que o capital global disponível está sendo absorvido por um grupo restrito de economias avançadas que têm níveis extremamente altos de dívida pública, disse Malpass.
"Vou chamá-los de 'sumidouros'. Para piorar a situação, suas populações estão envelhecendo rapidamente e o dividendo da paz da década de 1990 foi esgotado", ressaltou ele.
"Eu tenho defendido uma série de novas políticas que estimulariam a produção para combater a inflação e a fraqueza da moeda, mas a probabilidade é de um longo período de crescimento lento, redefinição de preços de ativos e capital se movendo na direção errada - em direção a um grupo pequeno de governos e grandes corporações, em vez de pequenas empresas e capital de giro que poderiam contribuir para o crescimento global", previu o chefe do Banco Mundial.