O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, criticou duramente na terça-feira o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, devido à política monetária de juros altos, que considera prejudicial para o país e disse que no fim do ano nomeará um novo chefe do BC comprometido com o desenvolvimento nacional.
Em entrevista concedida à rádio CBN, o presidente afirmou que o comportamento de Campos Neto está "fora de lugar" e que não demonstra "nenhuma capacidade de autonomia", que tem lado político e que, "na minha opinião, trabalha muito mais para prejudicar o país do que para ajudar o país. Porque não tem explicação para a taxa de juros estar do jeito que está".
A declaração de Lula foi feita na véspera da decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC sobre a taxa básica de juros Selic, atualmente em 10,50% ao ano, para os próximos 45 dias.
Segundo Lula, a Selic está artificialmente alta, já que as projeções da inflação estão dentro da margem da meta oficial.
"O Brasil está passando por um bom momento. A economia avança, os empregos crescem, os salários sobem, a inflação baixa. O que mais queremos? O que mais queremos é atrair mais investimentos para o Brasil e que o Banco Central se comporte com o objetivo de ajudar este país e não, criar obstáculos ao seu crescimento", ressaltou o presidente.
Com a autonomia legal do Banco Central aprovada em 2021, Lula é o primeiro presidente a ter um governo no qual o chefe do BC foi nomeado por seu antecessor, Jair Bolsonaro (2019-2022). O presidente poderá escolher o próximo chefe da instituição no final do ano, quando termina o mandato de Campos Neto.
"Quando for nomear o novo presidente do Banco Central, será uma pessoa madura, com experiência, responsável. Alguém que tenha respeito pelo cargo que ocupa. E alguém que não se submeta às pressões do mercado. Alguém que faça o que interessa para 203 milhões de brasileiros", concluiu.