A decisão das autoridades chinesas, tomada na quinta-feira à noite, de suspender a utilização do “mecanismo disjuntor” apenas quatro dias depois de ele ter sido lançado, foi bem recebida. Nunca é tarde demais para corrigir os erros, mas as lições precisam ser aprendidas para que políticas semelhantes sejam tomadas com mais cuidado.
A decisão de quinta-feira foi tomada após as negociações no mercado de ações da China continental terem sido interrompidas pela segunda vez nesta semana, indicando que o novo mecanismo estabilizador não conseguiu atingir o seu objetivo.
Os mercados acionários domésticos viram uma segunda queda de 7% na quinta-feira de manhã, depois de uma queda semelhante na segunda-feira. Em ambos os casos o mecanismo disjuntor entrou em operação e encerrou as negociações antes do final do pregão.
Certamente, há muitas razões que explicam a preocupação dos investidores: a queda no valor do renminbi em relação ao dólar, o declínio da atividade industrial da China, a queda no mercado de Wall Street e as incertezas em relação ao crescimento global, todas justificam as preocupações. Mas nenhum deles parece ter pesado mais sobre os investidores do que as expectativas de uma possível venda em massa de ações uma vez que a proibição da venda de ações de algumas empresas listadas vai expirar no final desta semana.
A segunda suspensão das negociações nesta semana forçou as autoridades financeiras a acionarem o mecanismo preventivo, que foi decidido em julho passado como parte dos esforços do governo para conter o sismo no mercado que destruiu trilhões de dólares em ações de mercado.
Ao fazer isso, as autoridades reguladoras esperavam evitar uma onda de vendas que poderia atingir de forma dura o mercado chinês. A decisão de estender a proibição, mesmo que tardia, foi um mal necessário para aliviar as preocupações de curto prazo dos investidores. Mas isso não significa que não exista um exame cuidadoso sobre o quão bem ou mal o mecanismo disjuntor estava agindo para estabilizar o mercado.
Tanto a crescente amplitude como profundidade dos mercados de ações chinesas e as tecnologias de negociação cada vez mais complexas exigem respostas inteligentes e rápidas das autoridades chinesas para aliviar a extrema volatilidade que poderia prejudicar seriamente a confiança dos investidores na saúde de longo prazo não apenas do mercado de ações interno mas também a economia chinesa como um todo.
A introdução do mecanismo disjuntor, uma prática comum em muitos mercados de ações no exterior, é ostensivamente usado para dar tempo aos investidores de se acalmarem em face as volatilidades dos mercados. Mas os mercados de ações domésticos têm exigências regulatórias e características muito próprias e especificas.
Edição: Rafael Lima