Sérgio老师(professor), a aventura na China

Por Mauro Marques

A segunda parte desta série, que recai sobre a aventura do Sérgio em solo chinês, arrancou com a nossa curiosidade relativamente ao desafio de ter que enfrentar, pela primeira vez, uma turma de alunos chineses. “Já tinha alguma experiência prévia. Informal é certo, mas organizei pequenos cursos extra curriculares para dar apoio aos alunos chineses que estudavam em Portugal, durante os meus primeiros anos de curso”. Como responsável pela introdução à língua portuguesa na universidade chinesa que o acolheu (a Universidade Sun Yat-sen, em Zhuhai), o Sérgio teve que fazer uso do mandarim para facilitar a ponte de comunicação, e explicar os primeiros conceitos a um grupo de alunos que começava a articular as primeiras palavras na nova língua. “Neste caso, como são línguas e culturas totalmente diferentes, tendo o professor um pouco dos dois mundos, é mais fácil tornar todo o processo de aprendizagem mais fluido.”

Sérgio com alguns dos seus alunos da Universidade Sun Yat-sen. A prevalência do sexo feminino nas turmas de línguas na China é especialmente forte. Por coincidência os rapazes não puderam comparecer para a foto.

Embora com uma base sólida de conhecimento da cultura, história, geografia e da língua (partes integrantes do plano curricular da licenciatura) do país de destino, há sempre uma camada cultural mais profunda que apenas com a experiência em primeira mão é possível desmistificar. O professor descreve os alunos chineses como “muito sossegados…demasiado sossegados até!... tive que recorrer a várias técnicas para desinibir o ambiente nas aulas”. O Sérgio explica que a postura geralmente pouco interventiva por parte dos alunos chineses se deve ao estatuto atribuído ao professor como pedagogo e autoridade intelectual na cultura chinesa. “O aluno respeita o professor e perceciona-o como uma entidade cuja posição é praticamente indiscutível. A autoridade do professor não pode ser posta em causa, por isso a participação em aula é mais inibida.”