No entanto, existem ainda alguns casos de sucesso no comércio sino-latino-americano.
Em 2016, o comércio entre a China e o Peru alcançou um aumento de 4% em termos homólogos, com as exportações do Peru para a China a totalizarem os 8,22 bilhões de dólares.
O estabelecimento de zonas de livre comércio veio impor um estímulo ao comércio bilateral. Em meio a uma vaga “antiglobalização” no mundo, a China assinou acordos de livre comércio com vários países latino-americanos, entre os quais o Chile, Peru e Costa Rica, com vista à promoção do crescimento do comércio.
O lançamento do fórum China-América Latina, e os mecanismos de consulta mútua entre os dois polos vieram também contribuir sobremaneira para o incremento do comércio.
Para Paulo Wrobel, professor de relações internacionais da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), estes canais permitem à China e à AL discutir questões provenientes do processo de cooperação econômica e comercial, bem como apresentar novas sugestões e ideias para dar o melhor seguimento a esses projetos.
Em entrevista ao Diário do Povo, o professor considerou que a sugestão chinesa de criar uma zona de livre comércio da Ásia-Pacífico e promover a iniciativa “Um Cinturão e Uma Rota” constituem também, ainda que indiretamente, boas notícias para a América Latina.
Sob influência direta da amplitude da crise econômica brasileira, o volume do comércio entre a China e o Brasil registrou uma quebra nos últimos anos. Porém, a importância do mercado chinês permanece insubstituível.
Segundo dados divulgados pelo Ministério da Agricultura do Brasil, a China continuou sendo o maior importador dos produtos agrícolas brasileiros em 2016, com um valor total de importações a ascender aos 20,8 bilhões de dólares.
Segundo estatísticas avançadas pelo governo brasileiro, o valor do investimento do país sul-americano na China atingiu os 19 milhões de dólares em 2016 — um aumento tímido em comparação com o obtido no ano anterior. Por outro lado, o investimento chinês no Brasil em 2016 foi superior a 10 bilhões de dólares, perfazendo um investimento total de 30 bilhões de dólares.
Atualmente, mais de 200 empresas chinesas têm investimentos no Brasil, envolvendo os setores petrolífero, mineração, energia, manufatura, finanças, agricultura, serviços e venda a retalho/atacado. Mesmo no período de depressão da economia brasileira, o investimento chinês no país latino-americano continua fulgurante.
Segundo Xia Xiaoling, conselheira de economia da embaixada da China no Brasil, a parceria comercial sino-brasileira já abandonou o estágio de dependência única do “comércio de mercadorias”, estando agora mais polivalente e multifacetado.
Xia diz acreditar que a relação bilateral de investimento irá assumir um papel preponderante para a cooperação econômica e comercial entre os dois países.