Por Justin Yifu Lin

A reforma e a abertura da China criou três grandes oportunidades para o desenvolvimento de África.

Em primeiro lugar, a modernização industrial da China oferece uma oportunidade para a industrialização de África.

A história provou que a riqueza provem da industrialização. Um caminho adequado para a industrialização consiste no desenvolvimento de uma indústria de manufatura intensiva, baseada em vantagens comparativas. Além disso, somente entrando no mercado global, a industrialização, a modernização e a urbanização podem ser alcançadas.

O Japão, a República da Coreia, Singapura, Malásia, Tailândia e Indonésia completaram essa prática e transformaram a sua sociedade agrícola em uma moderna economia industrial, após a Segunda Guerra Mundial, ao captar a realocação global de indústrias de processamento de trabalho intensivo.

Atualmente, com o aumento dos salários na China, a modernização industrial impulsionará uma nova rodada de realocação de indústrias de trabalho intensivo, o que consistira em uma oportunidade para os países africanos.

Em segundo lugar, a iniciativa do Cinturão e Rota cria condições para a construção de infraestruturas em África.

A Iniciativa do Cinturão e Rota e os 10 principais planos para a cooperação China-África, iniciados pela China, criarão um ambiente favorável para os países africanos aproveitarem a “maior oportunidade de sempre”.

A África se orgulha da mão-de-obra abundante e barata para o desenvolvimento de indústrias intensivas em mão-de-obra, mas o baixo custo não é suficiente para que os países africanos se firmem no mercado global. Eles devem reduzir ainda mais o custo total, e isso depende do desenvolvimento das infraestruturas.

Atualmente, a prevalência de infraestruturas subdesenvolvidas em África tornou-se um impedimento para o desenvolvimento do continente. Felizmente, a Iniciativa do Cinturão e Rota e outros projetos poderão contribuir para criar condições para a industrialização dos países africanos.

Em terceiro lugar, o desenvolvimento da China consiste numa fonte de novas ideias para África.

A China alcançou um desenvolvimento tremendo nos últimos 40 anos de reforma e abertura, o que pode ser atribuído em grande parte à sua mudança de conceitos sobre o desenvolvimento.

No passado, alguns países africanos copiaram estratégias de desenvolvimento de países ocidentais desenvolvidos. No entanto, essas estratégias provaram ser ineficazes em África, uma vez que apenas se adequam às condições do mundo desenvolvido.

Começando como um dos países mais subdesenvolvidos do mundo, a China compartilhava condições básicas de desenvolvimento com a África. Portanto, a experiência e as teorias extraídas dos 40 anos de reforma e abertura da China são mais valiosas para os países africanos e outros países em desenvolvimento.

O que a China alcançou nos últimos 40 anos prova que a pobreza pode ser erradicada, e que a chave para a prosperidade reside na industrialização, modernização e globalização.

A cooperação China-África gera oportunidades, condições e ideias para a industrialização dos países africanos. A China, juntamente com os últimos, deverão unir esforços para que, juntos, alcancem a prosperidade, através da construção de uma comunidade de futuro compartilhado para a humanidade.

(Justin Yifu Lin é reitor honorário da Escola Nacional de Desenvolvimento, reitor do Instituto de Cooperação e Desenvolvimento Sul-Sul, e reitor do Instituto de Nova Economia Estrutural da Universidade de Pequim.)