O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou na quarta-feira que o ataque às sedes dos Três Poderes em Brasília, no domingo 8 de janeiro, foi "o início de um golpe de Estado" e garantiu que os militares que participaram dos atos serão punidos.

"Todos (os militares) que participaram deste ato golpista serão punidos. Todos. Não importa sua patente nem em qual força armada servem", assegurou Lula em entrevista exclusiva ao canal GloboNews, divulgada na noite desta quarta-feira.

O presidente qualificou os atos de vandalismo de "início de um golpe de Estado" por parte dos seguidores de seu antecessor, Jair Bolsonaro.

"Fiquei com a impressão de que era o início de um golpe de Estado. Eu fiquei com a impressão, inclusive, que o pessoal estava acatando ordem e orientação que o Bolsonaro deu durante muito tempo", comentou.

"Durante muito tempo Bolsonaro falou de invadir a Suprema Corte, desacreditou o Congresso, além de pedir que o povo andasse armado, que isso era democracia", acrescentou.

"Foi uma prática nazista, fascista, raivosa, que nós não estávamos acostumados a ver no Brasil. Há que se fazer uma investigação profunda dos fatos, com amplo direito de defesa, mas é essencial encontrar os culpados e todos os envolvidos deverão ser condenados, do contrário, não garantiremos a resistência da democracia no Brasil", enfatizou Lula.

Ainda segundo o presidente, houve uma falha dos serviços de inteligência do Gabinete de Segurança Institucional do governo, da Agência Brasileira de Inteligência e dos serviços secretos do Exército, Marinha e Aeronáutica, já que "nenhum deles avisou ao presidente da República que poderiam ocorrer esses atos".

"Para mim, estava tudo tranquilo, tanto que viajei naquele fim de semana para São Paulo. Se eu soubesse na sexta-feira (6) que viriam 8 mil pessoas aqui, eu não teria saído de Brasília. Eu saí porque estava tudo tranquilo", afirmou Lula.

Para o presidente, a tentativa de golpe de Estado não vingou por causa das reações dos Três Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) e dos governadores. Segundo Lula, houve uma união para "garantir a democracia brasileira", o que fez com que os radicais não avançassem com a tentativa de golpe.